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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A minha história de Natal

Por Carol Balan

Natal é a época do ano que mais gosto. Gosto tanto do Natal que sempre detestei Janeiro: mês à toa e o mais longe de Dezembro!! Já não odeio mais Janeiro porque recebi meus dois maiores presentes nesse mês: nos dias 4 e 6 de Janeiro, nasceram meus filhos e agora estamos esperando o terceiro para o começo de Fevereiro. Além de se tornar um mês que gosto, também deixou de ser à toa para mim, com tantas comemorações!

Mas, voltando a Dezembro, a época do ano que mais gosto continua sendo o clima que invade o período próximo ao Natal. Tenho certeza que isso vem da nossa tradição de Natal em família.

Minha avó paterna era uma fofa, aquela avó tipo Dona Benta, que conta história, faz comida gostosa e que era uma delícia de abraçar. Mesmo com suas limitações (uma artrose nos joelhos que a mantinha em dores constantes) ela sempre gostou de ter a casa cheia e desde que meu pai e seus irmãos eram novos, a casa deles sempre foi o lugar de encontro dos amigos. Quando casaram, a casa dela se tornou também o lugar de reunião das famílias.

O Natal era certamente a data preferida dela. Quando éramos apenas meu primo mais velho e eu, ela e minha mãe inventaram de surpreender a família com a visita do Papai Noel. Para isso, costuraram uma fantasia escondidas de todos e, na ceia de Natal, minha avó se fantasiou e entrou na casa badalando o sino. Eu era muito pequena e não me lembro, mas minha mãe disse que foi a maior emoção, gente chorando, rindo, nem acreditavam no que viam!

A partir desse ano, nunca mais faltou o Papai Noel nas noites de Natal. A família foi aumentando, minhas irmãs e primas chegando e na véspera de Natal era a maior euforia esperar chegar a meia-noite para ouvir o badalo do sininho do Papai Noel. Conforme crescemos e fomos “ficando espertos”, meu primo e eu descobrimos que o Papai Noel era a vó Lydia (e ficamos com o peito estufado e cara de: elementar, meu caro Watson), mas nossos pais sempre davam um jeito de contornar e continuar enganando. Um ano estávamos todos preparados, aguardando a avó-Papai-Noel chegar e eles haviam combinado com o vizinho para vir um homem da casa deles e nossa avó ir lá. A cara de espanto da criançada foi engraçadíssima e os cochichos eram: “será que é o Papai Noel mesmo?!”.

A ceia sempre foi tradicional: Pernil assado por minha mãe, tender e lombo pelas tias, arroz especial, salpicão etc., duas ou três sobremesas. Após a ceia, ficávamos brincando até a hora do Papai Noel chegar, o que era sempre uma emoção. Sempre recebíamos visitas de parentes que vinham cumprimentar a tia, que era tão querida por todos.

No dia seguinte, nos juntávamos novamente e passávamos o dia brincando com os brinquedos novos.

Minha avó faleceu em 2001. Desde então, os natais perderam um pouco do seu encanto. Um pouco porque ela levou consigo parte da magia, outro tanto porque a magia não é mais mesma quando você cresce.

Outro dia, na casa da minha mãe, fiz um muxoxo e disse que o Natal não tem mais graça e minha irmã concordou. Minha mãe, que assumiu com perfeição o papel de vó (se bem que ela não se parece em nada, fisicamente, com a Dona Benta!), olhou pra mim, arregalou os olhos e perguntou por quê. Eu disse que o sentimento que me invade nessa época é o mesmo que eu sempre tive, desde a infância, porém, quando o dia chega, a emoção não é mais a mesma: mágica mesmo, só quando somos criança!

É por isso que tenho me dedicado muito nessa época para trazer toda a magia do Natal para os meus filhos. Eu sei que nunca mais vou sentir aquele frio na barriga quando ouvia o primeiro badalo do sininho. Também sei que nunca mais vou receber o Papai Noel com aquele brilho nos olhos, e menos ainda vou explodir de emoção por ganhar “o” presente, que esperei tanto. Mas a sensação de tudo isso que passou sempre me acompanhou e sei que, quando eu for a Dona Benta dos meus netos, ainda sentirei essa mesma emoção nos dias que antecedem essa data tão linda. Tudo isso quero transmitir a eles, esse mesmo sentimento!

2 comentários:

Pat disse...

Que relato emocionante! Lembrou tb. meus Natais em casa da Vó, que era a minha "ídola" na infância. Obrigada pelo lindo artigo que me lembrou daquela época reunida em torno do Presépio em casa dos meus avós, cantando o NOITE FELIZ, e abrindo os presentes deles... mas só os deles, pois a tradição norte americana do meu Daddy era de só abrir os presentes em baixo da grande árvore, na manhã do dia 25.
Como morávamos todos no mesmo prediozinho antigo no Leblon, era só descer do 3º para o 2º andar, e lá encontrávamos aquela ALEGRIA DA CHEGADA DO DEUS MENINO. A festa continuava na manhã seguinte quando os avós e a tia subiam pro nosso apartamento. Ontem mesmo relembrei de tudo isso, quando desci do alto do armário, O PRESÉPIO...aquele mesmo onde nos encontrávamos, 60 anos atrás, em casa dos avós queridos!
Bjo,
Pat

Carol Balan disse...

Pat, que linda a sua história!! E me fez lembrar que em nossos natais a minha tão querida avó sempre fazia questão de cantar Noite Feliz também!! =) Não existe nada melhor do que essas lembranças tão emocionantes e que nos marcam para toda a vida!! Muito obrigada pelo carinho! Beijos, Carol

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