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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pirraças inevitáveis

Por Maria Teresa Serman

Acontece com as crianças a metamorfose inversa dos contos de fadas. Nestes, os sapos se transformam em príncipes; nossos adoráveis anjinhos, não mais que de repente, como diria o poeta, se transformam em ogros (perto deles o Shrek é o Brad Pit): espumam, se contorcem no chão, soltam gritos horrendos, ficam arroxeados. O que é isso? Ataque epilético, gripe suína, surto psicótico???? Não, uma genuína PIRRAÇA. . Um show de deixar a menina do filme O exorcista no chinelo. Todas as mães já passaram por esse momento terrível, em maior ou menor proporção. Grava-se para sempre na (nossa) memória a vergonha e o conflito que a situação nos provoca.

Seja qual for a reação materna, ela nunca contenta a platéia. Se perdemos a cabeça, berramos e ameaçamos, todos condenam a falta de controle da pobre infeliz psicologicamente despreparada para lidar com uma criança tão indefesa. Indefesa??!! Pois sim. Se tentamos falar docemente com o diabinho, acalmando-o com meiga entonação e doces palavras, o público, penalizado, sacode a cabeça, constatando a fraqueza daquela criatura - a mãe - diante de um serzinho tão facilmente domesticável.

Nessa hora chovem conselhos e cochichos. É a hora do desamparo, da sensação de fracasso e, principalmente, de uma pungente vontade de SUMIR. Calma, muita calma nessa hora. Em primeiro lugar, desconheça as caras e carões que a cercam e, se possível, saia dali, arrastando educadamente - eu disse EDUCADAMENTE - o ogrinho, quer dizer, seu filho. Fale com ele ou ela bem baixo, sem alterar o tom ( Acredite, você consegue, Deus existe e gosta das mães! ), dizendo-lhe que ele não conseguirá nada com esse comportamento e que, quando chegar em casa, ficará de castigo na cadeirinha da Supernanny, pensando no que fez. E o mais importante: não se deixe vencer pelo berreiro e dê à criança o que ela quer. Você se tornará presa fácil daí em diante.

Falar é fácil, eu sei, e como sei! Um das minhas amadas filhas era doutora em pirraças colossais, merecedoras de um anfiteatro grego de assistência. NADA a fazia parar até a completa exaustão. Lógico que a minha vinha muito antes da dela. Um dia tive uma revelação, diria eu uma iluminação. Levei-a com roupa e tudo para debaixo do chuveiro frio, o que a fez parar instantaneamente de berrar e, pasmem! , começar a rir. Isso se repetiu outras vezes, cada vez com menos frequência, até não acontecer mais.

Não estou recomendando que afoguem seus filhos, entendam bem. Só quero deixar claro que pirraça é um teste por que todas as mães vão passar. É uma fase que pode se estender desde o bebê ( quando tomam choro é pirraça ) entrando pela adolescência. E não tem adulto mal educado que ainda faz pirraça? Deve-se lidar com ela de acordo com cada criança, mas, de maneira geral, esta é uma boa receita.

Adoraríamos se outras mães escrevessem seus lances especiais com os filhos, compartilhando assim suas experiências. Aguardamos seus comentários para que todas possamos aprender umas com as outras.

3 comentários:

Rafael Carneiro disse...

As mães são criativas. Quando eu era criança e brigava com meu irmão mais novo, minha mãe dizia, brava:

- Pode parar, vocês dois! Agora eu quero ver os dois se abraçando! Isso! Dá beijo no rosto também! Abraça! Eu não tô vendo abraço!! Isso! Agora, diga que ama o irmãozinho!

hehehe... E a gente parava de brigar na hora, como num passe mágica.

Agora, eu fiquei curioso. Será que as outras mães fazem isso?

Liana Clara disse...

Olha Rafael, eu fiz isso algumas vezes, funcionava bem com alguns dos meus filhos, mas agora não funciona com a menor de 9 e o outro de 19 anos. Ela não dá beijo nele nem por um decreto, quando ele implica com ela.

Veja que com toda essa diferença de idades ainda brigam!! A diversão dele é implicar com ela e fazê-la chorar!

Stella disse...

Também tive um filho pirracento. Mas eram ataques de raiva genuína, que duravam 40 minutos. Felizmente isso ocorria em casa, com a platéia costumeira. Percebi que não adiantava falar, ameaçar, raciocinar. Então eu esperava passarem os tais minutos e via meu filho exausto, suado, render-se ao cansaço.

Só então conversava com ele, explicando que não ganharia nada com esse comportamento. À noite, antes que ele dormisse, fazia mentalizações de lugares agradáveis, tranquílos. Hoje em dia ele é bem mais calmo, graças a Deus! Quando fica zangado comigo, costuma retirar-se do ambiente no meio da conversa. Ninguém é perfeito. :-)

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