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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pedir e conceder perdão

Por Maria Teresa

Não se assustem com o que vou reproduzir em seguida, não é uma aula de religião. Só aproveito o texto do evangelho de uma missa de domingo, que é muito conhecido, inclusive entre os não praticantes. É o episódio da mulher pecadora, que entra em uma casa onde Jesus estava comendo, lava os pés de Cristo com perfume e lágrimas, e seca-os com seus cabelos. No fim, o Senhor, depois de aproveitar para destacar a atitude nada gentil do seu anfitrião para com Ele, despede-a com Seu perdão.

Vale a pena ressaltar a coragem da mulher, audácia mesmo, tendo-se em conta o papel subalterno das mulheres naquele tempo, e ainda mais se tratando de alguém sabidamente no mau caminho. Ela não se amedrontou com o dono da casa, um respeitado fariseu ( em sentido bíblico, não atual ); não ligou para sua própria má fama; fez ouvidos surdos aos comentários e zombarias que teve que enfrentar, certamente. Só lhe importava o Mestre e sua conhecida misericórdia. Só lhe interessava pedir e receber perdão.

Eis o cerne da questão, de fundamental importância em nossas vidas, em especial nas relações familiares. Saber pedir e conceder perdão. Exige várias atitudes internas em primeiro lugar. A base é a HUMILDADE de reconhecer que erramos todos, sempre e muito. Não só os outros, os filhos, os pais, o marido, a mulher, os avós. Gostamos de nos iludir com a pseudo-relevância dos erros dos demais. Os nossos, esses são sem importância, não? Afinal, os filhos são tão malcriados, o marido tão insensível, a mulher tão implicante! Somos sempre vítimas, nunca algozes.

Para perdoar também é vital a humildade de perceber que “todos nós sem exceção”, somos capazes de misérias, atos vergonhosos, descalabros, palavras insensatas. E combinar a essa certeza a decisão de trancar e jogar fora a chave do "arquivo de agravos" que insistimos em preservar, como um tesouro que nos fornece, quando precisamos, a informação que vamos usar, no momento que nos interesse, para manipular a culpa de um familiar. Nisso, vamos confessar, nós, mulheres, somos inigualáveis. " Acabei de lembrar do que você fez( ou falou ) no dia tal, a tal hora, em tal lugar! " Todas se reconhecem nessas palavras, é ou não é?

GENEROSIDADE é esquecer, porque existe total incoerência na frase " Eu perdôo mas não esqueço! " Dá pra ter harmonia, viver em paz, assim?! É fundamental também apagar da memória o próprio erro perdoado, para não carregar o fardo pesado da culpa.

A última virtude a ser cultivada para perdoar e pedir perdão é o OTIMISMO. Vem depois, quando reconhecemos que vamos errar de novo, ainda que nos proponhamos sinceramente a não fazê-lo, nós e os outros. Somos humanos, falhos. Ele traz a esperança de recomeçar, contando com a ajuda dos que nos amam e que amamos, pois a cidade não dividida, unida, alcança a vitória.

Desse modo, como a pecadora bíblica, lavamos nossa alma no amor e seguimos em frente, todo dia, renovados pelo perdão.

2 comentários:

Rafael Carneiro disse...

Maria Teresa,

Foi muito boa a sua colocação contra esse comentário que tantas pessoas acreditam: "Perdoar sim, esquecer não". É um triste erro, porque perdoar é esquecer. É ter a atitude sensata de relegar ao pó e às cinzas aquilo que não existe mais.

Entre as passagens mais belas dos Evangelhos, eu considero algumas das colocações de São Lucas sobre Maria. Em mais de um trecho, ele diz que Maria guardava momentos no seu coração. Precisamos nos inspirar na memória de Maria, que só guarda o que é bom. O passado sempre deixa de existir e só podemos revivê-lo no coração. O que define os nossos corações são as coisas que guardamos.

Mª Teresa disse...

Você e suas frases marcantes: " O que define os nossos corações são as coisas que guardamos". Não precisa dizer mais nada.
E qto à Maria, ela guardava o que era bom porque sua imaculada natureza filtrava o que observava. Precisamos mesmo nos inspirar nela e imitá-la.

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