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terça-feira, 1 de junho de 2010

Festas de casamento

Por Rafael Carneiro da Rocha

No início do curso de jornalismo, eu fiz amizade com um colega que no ano seguinte se mudaria para Rio Branco, no Acre. É uma boa amizade. Ele visita Goiânia uma vez ao ano e, curiosamente, eu vejo ele com mais frequência do que os outros amigos de faculdade que moram na minha própria cidade. Eu também já o visitei no Acre. Porém, mais do que certificar a existência desse Estado tão distante, eu me surpreendi com uma característica cultural daquele lugar. Na minha primeira visita ao simpático estado do norte brasileiro, eu fui para apadrinhar o casamento do meu amigo. Ele foi o primeiro dos meus amigos de faculdade a se casar e, até agora, um dos poucos. Com "apenas" 23 anos e já casado, ele me disse que no Acre boa parte dos jovens, que tem a oportunidade de freqüentar uma universidade, já se casam. No centro-sul do país, como bem sabemos, os filhos das classes média e alta costumam se casar depois de alguns anos do diploma adquirido.

Já apadrinhei outro casamento distante. Há alguns anos, fui padrinho do casamento de um primo em Manhumirim, uma cidadezinha de Minas Gerais. Uma cidade tão pequena que chegamos sem sequer saber o endereço da casa que visitaríamos. Porém, bastou meu pai perguntar onde era a casa do pai da noiva, que um transeunte qualquer soube facilmente indicar.

E como as distâncias são menores do que a vontade das pessoas de se casar, somente no ano de 2007, por exemplo, eu viajei para assistir a celebrações em Natal (Rio Grande do Norte), Marília (São Paulo), Três Ranchos (Goiás) e Cuiabá (Mato Grosso).

Porém, apesar das estatísticas, eu devo admitir que eu só gosto pra valer é da cerimônia sacramental. Noites de gala, buffets, super produções e tudo o mais podem ser coisas bem bacanas, mas eu receio que nos dias de hoje a celebração do matrimônio na Igreja seja, muitas vezes, apenas um acessório ou um aperitivo. O grande momento do dia é o "sim" mútuo dos noivos, e não o bolo ou o desfile de moda das festas. Muitas pessoas, por exemplo, nem vão à Igreja. Aparecem apenas na hora da "festa". Isso me parece tão absurdo como sair do cinema depois dos trailers, ou ir a um estádio de futebol pra curtir apenas os 15 minutos de intervalo.

De qualquer forma, ainda podemos ser entusiastas da festa que é o matrimônio. Se alguém quiser me convidar para uma celebração, é só pedir o meu e-mail pra Liana, rs. Sinceramente, eu digo que não é apenas por causa dos comes e bebes.

3 comentários:

R. B. Canônico disse...

Gostei muito, Rafael.

Particularmente gostaria de, inclusive, casar de manhã. Nada de festa virando a noite, acho extremamente cansativo, e o cansaço tira boa parte da diversão dos convidados e da disposição dos noivos em um momento tão importante.

Quanto à casar "mais cedo", sou amplamente favorável. Aliás, penso que boa parte dos problemas familiares têm relação com essa questão: a carreira profissional é mais importante antes do casamento e, bem, continua mais importante depois! E aí os problemas sao duros...

Abraços.

Liana Clara disse...

Gostei de ver o entusiasmo do Canônico para casar-se. Ficarei feliz de participar destes casamentos também, podem me convidar!

Quanto as festas acho que as confraternizações poderiam ser menos suntuosas e mais aconchegantes. Os noivos, na verdade nem conseguem estar com seus convidados neste dia tão importante, por conta de todo o cerimonial destas festas faraonicas.

Rafael Carneiro disse...

Interessante o seu comentário, Canônico. Parece que é algo fácil, mas não é todo mundo que tem a noção do que deve ser "prioritário". Vide a priorização das suntuosas festas de casamento, vide a supremacia da carreira sobre todos os aspectos da vida...

Liana, eu apreciei muito o termo que vc utilizou: "aconchegantes". As festas, não apenas de casamento, estão cada vez mais poluídas e menos aconchegantes. Vou contar um "causo" elucidativo, rs. No ano passado, minha mãe decidiu preparar minha festa de aniversário e, de início, eu relutei. Ela foi me convencendo aos poucos, dizendo que seria um evento bem simples. A criatividade que ela teve para preparar comidinhas, o silêncio de uma festa sem música em volume alto, as pessoas que vinham chegando aos poucos... No fim das contas, eu deixei de ser o centro das atenções (ainda bem, rs) e o ambiente aconchegante se tornou uma atração por si mesmo. É um sentido de festa que eu valorizo.

Abraços.

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