Por Wellen Barros
Uma espécie de tratado sobre o homem e sua relação com a tecnologia, numa visão globalizada, assim eu entendo a Carta Encíclica do Papa Francisco.
Qual seria o ponto central?
Jorge Bergoglio faz uma abordagem densa e profunda da complexidade que o ser humano está inserido nos dias atuais, porém de forma clara e objetiva, o Papa, vai apresentando vários “caminhos” da globalização, cujo cerne central seja mostrar a raiz humana da crise. Uma espécie de crise de identidade da própria condição humana enquanto Ser.
O Papa ressalta o modelo equivocado de “valor” que se destaca e ganha força na cultura do descarte sobre a vida das pessoas: “... a isto vêm juntar-se as dinâmicas do *mass media e do mundo digital, que , quando se tornam onipresentes, não favorecem o desenvolvimento de uma capacidade de viver com sabedoria, pensar em profundidade, amar com generosidade. A verdadeira sabedoria, fruto da reflexão, do diálogo e do encontro generoso entre as pessoas, não se adquire com uma mera acumulação de dados, que, em uma espécie de poluição mental, acabam por saturar e confundir...”, “...Por isso, não deveria surpreender–nos o fato de, a par da oferta sufocante destes produtos, ir crescendo uma profunda e melancólica insatisfação nas relações interpessoais ou um nocivo isolamento”.
A degradação humana e ambiental ocorrem em conjunto, que desembocam no social. Retomando a ideia inicial podemos dizer que a raiz humana da crise que vivemos hoje está na polarização técno-científico. Onde capitalismo se transforma em recurso de interpretação da vida humana. O ser humano não faz nada sem a técnica, e esta se tornou instrumento fundamental como uma espécie de mentalidade tecnológica.
A velocidade em que chegam as novidades tecnológicas obriga o ser humano a agir, no seu dia a dia, com essa mesma velocidade; evidentemente esse Ser adoece, pois não foi criado para ser uma máquina. O isolamento gera a apatia que por sua vez é camuflada pela falta de tempo dos afazeres, e as conversas e relacionamentos vão sendo transferidos para o fascínio tecnológico. Um aplicativo que permite troca de mensagens mais longas, já substitui o telefone ou até mesmo aquela visita tão adiada aquele amigo de tantos anos...
A conclusão que faço ao ler essa carta, é que o Papa Francisco, clama para a humanidade repensar, com certa urgência, é sobre a ruptura que o próprio homem provocou com suas atitudes entre natureza e humanidade. É preciso ter um pensamento globalizante no sentido humano. Sem desprezar a tecnologia evidentemente, porém o homem para atingir a plenitude enquanto Ser criatura, tem que estar a serviço do outro Ser e se utilizar da tecnologia para um serviço globalizante.
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