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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Meu interlocutor: a parede

Sempre me lembro do Bidu, cachorrinho azul, personagem, de Maurício de Souza, e suas conversas filosofais com a pedra; que, nesse caso fala, dialoga.

 Esse preâmbulo foi para mostrar como é o dialogo entre marido e mulher, em algumas fases de comunicação mais difícil,  porém, com uma agravante: diferentes da pedra que fala, são como paredes mudas, não dão nem indícios de que ouviram também.

 Os assuntos começam a não ser de interesse mútuo e passam a existir silêncios constrangedores. Sem nem mesmo um "é" da parte quem ouve, dando indícios de ter ouvido.

É mais comum acontecer isso com os maridos: o papel da parede. Ouvirem sem ouvir e sem responder ou dar um sinal de estarem atentos.

Já a mulher, via de regra , gosta mais de falar e é difícil para ela não emitir nenhum som durante a conversa, mesmo que o assunto não seja de seu agrado. Ela, com certeza, vai pelo menos mexer a cabeça que sim ou que não.

O homem, quando fala, prefere ver a atenção da esposa: olhando-a sem falar, sem diálogo, ele gosta de concluir sua ideia, sem apartes, promovendo assim, infelizmente, longos monólogos. Coisa totalmente estranha e absurda para a mulher, que gosta de trocar ideias e participar das conversas, ora concordando, ora discordando, ou mudando o rumo da conversa, quando já chegou no seu limite ou está chata demais.

 Como homem e mulher são bem diferentes em suas estruturas físicas, também o são nos seus intelectos, e ambos precisam de ajustes para melhorar a convivência; para a harmonia conjugal e para que, com o passar dos anos de casados, não criem um abismo entre os dois.

Ceder é para os fortes. Contudo, convencer é para os inteligentes. E,para os que amam ,é importante as duas coisas.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Lembranças de recém-casada – jantares de última hora



Depois de tantos anos de casada, veio à minha memória uma fase boa, ainda sem filhos (não que com eles a fase também não fosse boa),  quando eu recebia visitas de última hora, (meu marido adorava trazer amigos do trabalho para jantar). Morávamos em Volta Redonda, denominada Cidade do Aço, no interior do Rio de Janeiro.

Com meus dezenove anos e nenhuma experiência em receber e nem tampouco em culinária, fazia malabarismos e ia aos trancos e barrancos, improvisando o melhor que as lembranças de casa me proporcionavam fazer.

Graças a Deus eram sempre homens, senhores, que, na sua bondade, sempre gostavam da forma como eram recebidos por nós. Um jantarzinho informal, com as sobras do almoço e algo a mais complementando para dar substância. 

Dessas improvisações de última hora, eu me lembro bem dos legumes gratinados, que nada mais eram do que as sobras dos legumes do almoço, acrescidos de ovos batidos e queijo ralado. Aliás, o queijo ralado é um produto que complementa bem qualquer prato criado.
Ingredientes básicos para se ter sempre em casa são ovos, pão, queijo ralado, cebola, farinha de trigo, manteiga, leite. Com eles sempre poderemos criar algo novo para complementar uma refeição.

Lembro-me também das minhas famosas omeletes, fritadas recheadas com os quebra-galhos que tivesse em casa. Na época, não havia mercado que trouxesse em casa, e eu nem dirigia. Meu único recurso era o telefone, para pedir alguma dica à minha mãe ,que morava no Rio de Janeiro.

Uma omelete de tomate, cebola, salsinha verde, tudo bem picadinho, enfeitada com alfaces fresquinhas, fica bonita e serve como uma boa entrada. Assim fiz muitas vezes, servindo antes uns pequenos aperitivos, como azeitonas, queijo em cubos com orégano e azeite no palito, e um bom uísque com gelo, para dar tempo de tudo ficar pronto e também a visita ficar mais distraída e nem notar os meus deslizes culinários!
                                                       

                                                                                                                     Liana Clara

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Ressentimentos, controle e comunicação na vida conjugal.


Por Maria Teresa Serman

Quando parece que tudo já foi dito sobre o relacionamento marido e mulher, acontece de nos surpreendermos com abordagens elucidativas sobre o assunto. Ontem um período breve de insônia foi o suficiente para aprender bastante sobre esses três pontos citados, e o esclarecimento veio de um programa a que nunca havia assistido, talvez porque o título sugerisse algo muito explícito - não me lembro se é "Na cama... ou No quarto... e em seguida o nome de uma terapeuta, doutora... não vem ao caso. Porém, logo começou demonstrando que era algo mais do que uma visão compartimentada, sem trocadilhos. O assunto era o relacionamento do casal como um todo, e como isso repercutia na sua afetividade conjunta, emocional e física. 

O casal em questão passava por grave crise, e estava afastado emocionalmente, resultando em um relacionamento sexual mecânico e insatisfatório. A profissional começou, então, a fazer perguntas em conjunto, e depois em separado. Aos poucos as mágoas e decepções foram se revelando, sem agressões mútuas, mas com perceptível sofrimento. A mulher conseguia externar em lágrimas o seu sofrimento, mas o marido parecia usar uma máscara impenetrável - olhos arregalados, corpo tensionado, nenhuma alteração facial. Como logo se viu, e não é nenhuma surpresa, havia muito ressentimento trancado no coração de cada um, o que a terapeuta conseguiu extrair e tratar com delicadeza e sabedoria.

O homem havia perdido a mãe uns três anos antes, depois de uma longa e sofrida enfermidade. Cuidou sozinho dela, sem recorrer ao irmão, e nem pedir ajuda à esposa, o que acarretou muito ausência de casa, de corpo e coração. Ela se sentiu relegada, impotente, aceitou o lugar em que ele a  havia colocado, e foi cultivando a rejeição. Quando a sogra morreu, ela viajou imediatamente para outro estado, para estar com sua própria família, deixando o marido sozinho para enterrar a mãe e passar pela dor final. Parece estranho, não? Foi uma reação de ruptura, uma vingança calculada.

Claro que ele ficou magoado, mas não disse nada, não reagiu. Por seu lado, a esposa, não vendo reação, concluiu que o marido não se importara com sua ausência, e a mágoa cresceu em ambos, muda, corroendo o amor que, como se viu posteriormente, estava latente, chorando em surdina, nas pronto para ressurgir. Quando começaram a falar, orientados pela especialista, o marido conseguiu dizer que ela tinha sido egoísta, abandonando-o na hora em que este mais precisava, e se pode perceber que ela não havia se dado conta disso. Por quê? Sua resposta foi de que ela não queria que ele ficasse com a última palavra, não queria lhe dar o controle da situação. Se ele tinha determinado antes como eles viveriam em relação a uma crise - a doença da mãe/sogra - ela agora retomava as rédeas da situação. 

Depois do "diagnóstico", a terapeuta propôs algumas diretrizes, simples, como "dever de casa": que cada um fizesse, por algum tempo, algo que o outro quisesse, e do modo como o preferisse, de carinhos específicos, abraçar, beijar, até DIZER O QUE QUERIA, não esperar que o outro adivinhasse e depois ficar ressentido por não acontecer; para em seguida inverter a ótica - fazer do jeito que o próprio desejasse, alternando, assim, o equilíbrio conjunto. Isso os aproximou, fez com que enxergassem o ponto de vista do outro, aliviou a tensão, preparando-os para o próximo passo...que foi o lance do controle.

Ela preparou uma escalada de parede, aquela em que a pessoa vai subindo, pisando e segurando em ressaltos espaçados, sempre presa a uma corda. A esposa subiu primeiro, com o marido incentivando-a carinhosamente embaixo. Não conseguiu ir muito alto, mas o objetivo era o incentivo, e ele aplaudiu o empenho e recebeu-a com abraços e beijos. Tendo ele alcançado o patamar proposto pela terapeuta, e sendo também incentivado pela esposa, soltou-se de onde estava, só seguro pela corda, e ela o recebeu do mesmo jeito afetuoso.Ficou bem óbvio que o carinho de que ela sentia falta, o que revelou logo no início, lhe foi dado, e ele ficou no controle da experiência, com a concordância dela.

O passo seguinte foi um encontro preparado, no mesmo bar em que ele a havia pedido em casamento. Lá lhes foi proposto um tipo de jogo: que cada um escrevesse em um papel 3 coisas de que gostava ou precisasse e que o outro já fizesse por ele/ela. Além disso, listaram individualmente também outros 3 itens de que sentiam falta, e que o cônjuge não fazia, talvez por não terem sido ditas, o que implicava pedir e aceitar ajuda e afeto, explicitamente, sem expectativas que podem ser frustrantes, revelando claramente o que quer e espera.

A visita final da terapeuta mostrou um recomeço, uma aprendizagem, que resultou em perdão mútuo, e no desafogo do marido, que chorou várias vezes, e cuja mudança de expressão foi marcante, impressionante. Tudo pareceu verídico, inclusive os dois filhos e a casa da família. Sem dúvida ficou claro que sentimentos ocultos e sufocados, resultantes de atitudes calculadas ou automáticas, podem trazer um prejuízo grave ao amor verdadeiro de uma casal, que, felizmente, procurou ajuda e a obteve. E todos podemos aprender com um programa desses, que traz um a visão inesperada e reconfortante, principalmente nos dias atuais, de que é possível, mais ainda, é fundamental investir no amor. O programa foi uma lição e uma bofetada afável no meu preconceito.

terça-feira, 6 de março de 2012

APROPRIAÇÃO POSSESSIVA (1ª parte)

Autora - Dora Porto

Ninguém pertence a si mesmo, pelo simples fato de que não temos em nós mesmos a razão de nossa origem. Nenhuma pessoa se pertence por completo ou é dona de si mesma.

A FORMA MAIS LEGÍTIMA DA PESSOA SE POSSUIR É O AUTOCONHECIMENTO.

Entre os cônjuges tem que haver uma doação total e uma aceitação recíproca de corpos e pessoas. Mas ninguém pode dar o que não tem. Por isso, deduz-se que deve haver uma apropriação de si, antes que o homem possa doar-se à esposa e esta a ele. É preciso conhecer-se, para possuir-se e poder, enfim, entregar-se.

Essa forma de apropriação é um tanto especial, porque nem o possuidor nem o cônjuge possuído deixam de ser pessoas. No matrimônio, o cônjuge possuído não deixa de ser inteiramente livre, afinal ele se deixou possuir. Isso significa que a possessão das pessoas no âmbito matrimonial não é da mesma natureza que a posse das coisas. Um relógio é bem diferente de uma esposa. O relógio não é livre, a esposa é.

FALAMOS DE "APROPRIAÇÃO POSSESSIVA" QUANDO O MODO DE SE APROPRIAR DO OUTRO É REALIZADO COMO SE ESTE SE TRATASSE DE UM OBJETO. Não! Temos de possuí-lo, sim, mas como pessoa, não como objeto. Sequer o seu corpo: o corpo do outro é subjetivo, animado, livre, interiorizado, mais ou menos experimentado e conhecido. Por isso há que tratá-lo como tal.

No casamento o esposo tem direito sobre o corpo da mulher e a mulher tem direito sobre o corpo do homem, mas respeitando, ambos, todas e cada uma dessas peculiaridades que fazem o corpo humano e pessoal, não um cadáver. O marido não é um manequim e o mesmo deve-se afirmar da esposa. O DIREITO É SOBRE UM CORPO VIVO E NÃO SOBRE UMA MERCADORIA (UM CORPO INANIMADO, DO QUAL SE TIVESSE EXTRAÍDO O ESPÍRITO)

Nesse contexto, podem surgir certos problemas matrimoniais, que conduzem, inexoravelmente, à "incomunicação". (...) ISSO ACONTECE NA APROPRIAÇÃO POSSESSIVA, QUANDO NÃO SE RESPEITA OU SE COLOCA OBSTÁCULOS AO GRAU DE LIBERDADE QUE É NATURAL NO CORPO DO OUTRO.

Quando o corpo é tratado como objeto, impede-se que ele se possa doar, porque OS OBJETOS NÃO PODEM DOAR-SE. E se o outro não se doa no seu corpo, se não entrega voluntariamente a sua liberdade corporal, serve alguma coisa apropriar-se dele possessivamente?

A APROPRIAÇÃO POSSESSIVA SE DÁ NAS PESSOAS QUE NÃO SABEM AMAR. Como tais apropriações são possessões degradantes, nestas a pessoa se degrada a simples objeto. Isso gera ao seu redor outros problemas psicológicos e até psiquiátricos (como, por exemplo, os ciúmes ou o comportamento paranoico).

Extraído da revista SER FAMÍLIA - Ano II - Nº 9