O relógio de São Pio X
O Papa S. Pio X recebeu em audiência um embaixador americano. Enquanto conversavam, o Papa consultou o seu relógio de bolso para ver as horas. O americano arregalou os olhos:
-- Mas que relógio miserável, Santidade! Um relógio destes não condiz de forma alguma com a dignidade de um Papa.
Realmente, o relógio era de níquel, pesadão e inteiramente fora de moda.
-- Na América comprar-se-ia um relógio destes por um dólar - continuou sobranceiro o visitante. Olhe, isto é que é relógio!
E tirou do bolso do colete um relógio de ouro, adornado com diamantes: -- Custou mil dólares, Santidade.
Apertou um botãozinho revestido duma pérola preciosa e um sinalzinho deu a hora com som de prata refinada.
-- De facto, é um relógio precioso - anuiu o Papa.
-- Sabe? Eu gostaria imensamente de ter uma lembrança de Vossa Santidade - continuou o milionário.
-- Dê-me o seu relógio de níquel e eu dou-lhe em troca o meu de ouro. Acho que Vossa Santidade não deixará de aceitar esta troca, não é verdade?
-- Não, meu caro senhor - respondeu o Papa sorrindo. Seria uma péssima troca para mim, pois o meu relógio é muito mais precioso do que o seu!
Extremamente admirado, o visitante perguntou como era possível. Mais valioso que o seu de ouro?

--Vou dizer porquê - respondeu-lhe o Papa, com um sorriso fino nos lábios. Meus pais eram pessoas bem pobres. Meu pai era carteiro rural. Com esta profissão duríssima, que exigia dele longas caminhadas, mal ganhava o necessário para nos sustentar. Mas nós estávamos contentes com o pouco que tínhamos e vivíamos felizes.
E ficou um momento em silêncio. Parecia estar ausente, na sua longínqua casa paterna. Depois, como que refazendo-se de uma emoção interna, continuou:
-- Nós, os meninos, tínhamos que ajudar a economizar o mais que podíamos.
Fazíamos a pé a longa caminhada de casa para a escola, descalços levando aos ombros os nossos sapatos, para poupá-los, calçando-os apenas quando chegávamos na escola.
Depois de voltarmos para casa, procurávamos pastagem para a nossa cabra, que era o nosso único tesouro e que era mimada por todos, porque nos dava o leite que tomávamos com o pão.
-- Ao completar treze anos - continuou sério o Papa - pude ir pela primeira vez à mesa do Senhor.
Como a nossa mãe teve de se esfalfar para que pudéssemos celebrar uma pequenina festa!
Quando saí da igreja, disse-me: -- “Filho, tu sabes como somos pobres, desde que morreu o pai. Contudo, quero dar-te uma pequena lembrança deste grande dia, em que Jesus entrou pela primeira vez no teu coração”.
E dizendo isto, tirou de um lencinho de seda este pobre relógio de níquel. Este presente alegrou-me tanto, como se me tivessem dado muitos tesouros do mundo.
Lancei-me ao colo de minha mãe, beijando-a de alegria e gratidão.
Que sacrifício terá custado para ela desfazer-se deste relógio!
Por isso este relógio é para mim um objecto sagrado, do qual me separarei só na hora da morte.
E ele parece recompensar-me a estima que sempre lhe votei.
Até hoje não foi preciso levá-lo a um relojoeiro e durante todos estes anos cumpriu a sua tarefa com perfeição.
Compreende agora porque não lhe posso ceder e porque é mais precioso para mim do que o relógio mais caro que possa existir em todo o mundo?
-- Sim, agora compreendo - concordou o embaixador e, meio envergonhado, embolsou novamente o seu relógio de ouro e concluiu:
-- Como deve ter sido feliz a sua mãe, por ter um filho assim!
-- Diga antes - responde Pio X - como é feliz o filho que teve uma mãe tão santa!
Pe.Antônio Steffen, S. J.
Feliz dia dos Pais!!
Que presente maravilhoso essa estória !Para os pais de hoje pensarem em como devem muito carinho e proteção aos seus pais, ricos ou pobres!
ResponderExcluirBjo,
Pat
Também me encantei com a narração, que pai e que mãe teve este Santo Papa
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