Há algum tempo, uma capa da Revista Época me chamou negativamente a atenção. Com o título "O Ministério da Saúde recomenda: Faça sexo", a ilustração da capa é um pacotinho de remédio com a orientação de usar as suas cápsulas cinco vezes por semana. Esse tipo de "realismo publicitário" revela muito sobre as idolatrias da civilização.E eu não digo nem de uma suposta idolatria ao sexo, mas de uma civilização que idolatra, de fato, o governo (vide a validação publicitária da capa ao Ministério da Saúde), a arrogância científica (vide a promessa farmacológica do bem estar) e o consumismo (o sexo é simbolizado por um produto, no caso, o pacotinho colorido do remédio).
Se as coisas boas do mundo, e não apenas o sexo, deixam de ser encaradas a partir da sacralidade da vida humana, da beleza da ética e da poética do amor, a civilização perde a noção de altar e eleva à esperança existencial coisas sempre sujeitas ao fracasso, como o governo, a ciência empírica e o consumismo.
A capa da revista procura convencer a respeito de uma saúde social advinda da prática sexual, mas paradoxalmente revela uma civilização que se encontra bastante doente.
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