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domingo, 31 de março de 2013

Pecado contra o amor

Quanto a mim, penso que aqueles que são atormentados no inferno o são pelos golpes  do amor. Pois não há coisa mais amarga e mais violenta que os tormentos do amor! Os que sentem que pecaram contra o amor carregam consigo uma condenação bem maior que as mais temidas punições. O sofrimento inscrito no coração pelo pecado contra o amor é mais dilacerante que qualquer outro tormento. Sto. Isaac, o sírio.

Este comentário ao evangelho do dia calou tão profundamente em mim que resolvi meditar e escrever sobre ele. O santo citado acima, no texto completo, expressa sua opinião de que o tormento do inferno não é a falta do amor de Deus, que nunca nos tira o que concedeu, o Seu amor. Perdemos a graça, mas não o amor, que sempre nos deixa o caminho aberto para a volta ao Pai, para o arrependimento. Complementa o santo, dizendo que, para ele, o tormento dos infelizes é o remorso. Sábia conclusão! O remorso, a consciência culpada, e principalmente aquela que não quer reconhecer o erro, apesar de sofrer e fazer sofrer com seus efeitos; aquela alma que não admite o pecado, antes teima em atribuir a razão dele, ou o todo, a outrem; o infeliz ser que não consegue pedir perdão, ou aceitá-lo, ainda que este lhe seja dado pelo ofendido.


Dizem alguns que não há inferno, que ele já acontece aqui na terra. Cristo referiu-se várias vezes, explicitamente, ao "fogo da geena". No episódio desse mesmo dia do comentário, o evangelho conta uma história sobre um rico e um pobre chagado. Este, após fome e privações, diretamente atribuídos ao senhor abastado, é levado ao seio de Abraão pelos anjos. Quando morre o rico, vai "para a morada dos mortos", onde sofre tormentos. Por outro lado, o inferno e o céu começam aqui, sim. Não só porque a nossa vida, transformada ou não pelo amor, é de nossa livre escolha e definirá como será nossa existência eterna, mas também porque o modo como agimos nos joga em um ou nos conduz ao outro. Mais do isso, pode influenciar decisivamente a vida dos que nos rodeiam, dos que amamos, e até daqueles que Deus põe no nosso caminho para que os levemos ao céu, por nosso exemplo.

S. João, na sua carta, se dirige aos fiéis já em tom amoroso: "Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade." O verbo amar está muito presente, mas o verdadeiro amor, de serviço, doação e generosidade, não. As pessoas se "amam" e desamam com assustadora rapidez e aparentemente, bem aparentemente, sem sequelas. Não colocam o bem do outro em primeiro lugar, nem quando isso atinge diretamente a mais pessoas, como os filhos. São infiéis a votos que juraram cumprir, contudo consideram isso um "acidente de percurso", na sua tresloucada e egocêntrica busca pela felicidade, que acabam não encontrando nunca.

Então vamos nos rejubilar pelos que amam verdadeiramente, com fortaleza, paciência, benignidade, sacrifício alegre, no cotidiano e na rotina. Esses não aparecem na mídia, e, quando esta focaliza sua realidade, certamente é para depreciá-los, chamando-os debochadamente de "conservadores". Mal sabem esses pobres de espírito que isso é um elogio, pois felizes são os que conservam seu amor puro e forte; os que conservam a sua dignidade de filhos e filhas de Deus e respeitam-na nos semelhantes; aqueles que conservam seu coração livre de traição e vilania, enchendo-o diariamente de afeto e retificando quando falham; felizes são aqui na terra, mesmo que sofram muito, porque conservam na alma a graça do Amor, que conhecerão face a face na vida que não terá fim.

Maria Teresa Serman

sábado, 30 de março de 2013

EmContando – 27 - PÃO

Sempre gostei muito de pão. Papai ensinou-nos que o pão era alimento sagrado, e, portanto, não o podíamos jogar fora nunca.

Mamãe aproveitava, sempre, qualquer pedacinho de pão dormido. Tínhamos um saco de tecido fino, pendurado na cozinha, onde eram colocadas todas as sobras de pão. Quando as coisas iam bem, os pedaços de pão seco viravam pudim, com ameixas secas picadas, ou até mesmo passas, que eram importadas naquele tempo e muito caras. Outra alternativa era fazer farinha de rosca, ou, na pior das hipóteses, quando as coisas iam mal, o pão seco acompanhava muito bem o café com leite ... e como era gostoso!

Nos domingos de Páscoa éramos acordados por um delicioso cheiro de pão assado no forno. Era uma surpresa que mamãe nos fazia sempre. Era sua obra prima. Torcendo, estiva a massa fofa e macia até que se parecesse com  uma longa corda grossa. Depois, cortava-a em três pedaços e com leveza e muita  habilidade fazia uma bela trança dobrando as pontinhas para debaixo do pão. Depois de crescido, pincelava-o com ovos e pronto. Lá ia o pão para o forno.  Nós sabíamos como ela o fazia , mas nas madrugadas de domingo de Páscoa ela sempre  fazia o pão  sem a nossa assistência. Era surpresa!

Quando nós morávamos em Hoppetenzel, na Alemanha, depois da segunda guerra, papai conseguiu, um dia – nunca soubemos  como – um pão de trigo, todo branco. Naqueles dias só se comia pão preto, sempre duro, feito de farelos de cereais menos nobres. Papai cortou o pão branco em seis pedaços  iguais em tamanho. A minha fatia era linda! Era quase duas vezes do tamanho de minha mão aberta.

Eu tinha, então, sete anos de idade. Comi a metade de meu precioso pedaço de pão e escondi a outra metade debaixo de meu travesseiro. Seria a primeira coisa que encontraria ao acordar.

Dormi muito bem. Dormi feliz! Na manhã seguinte, antes mesmo de abrir os olhos, fui  tateando devagarzinho pegar meu pão.  Mas onde estava ele? Sumiu. Só encontrei a casca dura, em forma de ferradura, toda marcada por dentinhos miúdos. Foi um camundongo! Havia muitos naquela casa! Aliás, havia muitos ratos famintos na Europa naqueles tempos.

Chorei muito naquele dia, pois perdi meu pão para um RATO!

                                                                                         Agnes. G. Milley

sexta-feira, 29 de março de 2013

O sofrimento e o amor - Dois modos de encarar a mesma dor

Faz alguns anos, no espaço de um mês, tive que ficar muito perto de dois grandes sofrimentos: dois casos de pais que haviam perdido um filho adolescente de maneira repentina e trágica. Conversei longamente com o primeiro e, uns trinta dias mais tarde, com o outro. O primeiro afundara-se numa dor insuportável, que
lhe abalou os alicerces da vida e lhe asfixiou a fé. Repetia depois, ao longo dos anos, num desabafo amaríssimo e cheio de rancor, que a sua vida tinha perdido o sentido, que não sabia se Deus existia ou não, mas que não se importava, porque já o tinha “apagado” e não queria saber mais dEle. Fechado na sua solidão desesperada definhava e tornava difícil a existência dos que conviviam com ele. E é que, sem a luz da fé, o homem fica abandonado ao turbilhão da vida, é como um cego golpeado por um mundo cruel e incompreensível, sem mais alternativa que o terror ou a revolta, a frieza estoica, a resignação gelada ou o desespero.

O segundo pai sofreu tanto como o primeiro. Perder um filho é uma das maiores dores da vida, se não a máxima. Mas não permitiu que o sofrimento lhe vendasse os olhos nem se encapsulou na sua dor. No meio das lágrimas, fixou com força o olhar da alma em Cristo crucificado e, unido a Ele, rezou: Pai, seja feita a vossa vontade! Dentro do seu coração dizia: “Não entendo essa tua vontade, Pai, mas eu creio em Ti, eu espero em Ti, eu Te amo acima de todas as coisas”. No velório, ver esse pai –e a mãe igualmente, com o mesmo espírito- a rezar junto do corpo do filho, não causava constrangimento, mas comunicava uma serenidade superior a qualquer paz que se possa experimentar nesta terra, e elevava a todos para Deus, cuja presença lá se apalpava. Era uma serenidade estranha e poderosa, misturada com uma dor muito forte, que ficava sendo um enigma para os frios e os descrentes. Era mesmo um lampejo da sabedoria da Cruz de que fala São Paulo (Cf. 1 Cor 1,18-25).

“Entender” e “saber”

Como este segundo pai, nós também muitas vezes não “entendemos” o sofrimento, e é natural. É difícil compreender a doença incurável, a incapacitação física, a ruína psicológica dos que amamos, o desastre econômico… Não “entendemos”, mas… “sabemos” – com a certeza indestrutível da fé -, que Deus é Pai, que Deus é amor (I Jo 4,8) e, portanto –como diz com cálido otimismo São Paulo-, nós sabemos que Deus faz concorrer todas as coisas para o bem daqueles que o amam (Rom 8,28); faz concorrer também, e muito especialmente, os sofrimentos que Ele mesmo nos envia, ou os que Ele permite, ainda que os não queira, porque causados pela maldade dos homens. Então, essa nossa fé –dom precioso de Deus que não queremos extinguir–, nos permite o paradoxo inefável de sofrer e ter paz, de sofrer e manter no íntimo da alma uma misteriosa e fortíssima serenidade, uma imorredoura esperança. Assim sofreu Cristo na Cruz e assim sofreram os santos.

Extraído do site do Pe. Francisco Faus, em 26/03/13

quinta-feira, 28 de março de 2013

Hábitos bons repetidos

"Por meio de diversas imagens, Jesus nos ensina que o caminho que conduz à Vida, à santidade, consiste no pleno desenvolvimento da vida espiritual: fala-nos do grão de mostarda, que cresce até se transformar num grande arbusto, onde vêm pousar as aves do céu; do trigo, que chega à maturidade e produz espigas graúdas... Esse crescimento, não isento de dificuldades e que às vezes pode parecer lento, corre paralelamente ao desabrochar das virtudes. A santificação de cada dia comporta o exercício de muitas virtudes humanas e sobrenaturais: a fé, a esperança, a caridade, a justiça, a fortaleza, a laboriosidade, a lealdade, o otimismo...

Para que possam crescer, as virtudes exigem muitos atos repetidos, pois cada um deles semeia na alma uma disposição que facilita o seguinte. A pessoa que, por exemplo, já ao levantar-se vive o “minuto heroico”, vencendo a preguiça desde o primeiro momento do dia, conseguirá com maior facilidade ser diligente nos outros deveres que a aguardam, sejam pequenos ou grandes, do mesmo modo que o esportista melhora a sua forma física e a capacidade de repetir os seus exercícios quando se treina com constância. As virtudes aperfeiçoam cada vez mais o homem, ao mesmo tempo que lhe permitem realizar mais facilmente boas obras e corresponder rápida e adequadamente à vontade de Deus em cada momento.

Sem as virtudes, cada ato bom se torna custoso e difícil, não passa de um ato isolado e não impede que venhamos a cair em faltas e pecados que nos afastam de Deus. A repetição de atos numa mesma direção deixa na alma um rasto que, conforme esses atos tenham sido bons ou maus, nos predispõe para o bem ou para o mal nas ações futuras. Daquele que se comporta bem habitualmente, pode-se esperar que, em face de uma dificuldade, continuará a comportar-se bem: esse hábito, essa virtude sustenta-o.

O exercício das virtudes indica-nos em cada instante o caminho que conduz ao Senhor. Quando um cristão, com a ajuda da graça, se esforça não só por afastar-se das ocasiões de pecado e resistir com firmeza às tentações, mas também por alcançar a santidade que Deus lhe pede, torna-se cada vez mais consciente de que a vida cristã lhe exige o desenvolvimento das virtudes. E é a isso que a Igreja nos convida, especialmente neste tempo da Quaresma: a crescer em hábitos operativos bons.

A SANTIDADE É EXERCÍCIO constante das virtudes humanas e sobrenaturais, um dia após outro, no ambiente e nas circunstâncias em que vivemos."

Recolhido da meditação diária de Falar com Deus, Tempo da Quaresma. Terceira Semana. Quarta-feira.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Água oxigenada - outra coisa utilíssima!

Do Face para vocês. Via: Projecto Apeiron - Apeiron edições

H2O2 – A ÁGUA OXIGENADA
Você acha a Água Oxigenada sem muita utilidade? Pois então, surpreenda-se!

A Água Oxigenada foi desenvolvida na década de 1920 por cientistas, com o objectivo de conter problemas de infecções e gangrena em soldados em frentes de batalhas. 


Numa solução a 3%, é um dos mais potentes desinfectantes que existem. Por que é tão pouco divulgada? Não dá lucro!

A eficácia doméstica da Água Oxigenada:

 
1. Uma colher de sobremesa do produto usada para bochechos e mantido na boca por alguns minutos, mata todos os germes bucais, branqueando os dentes! Cuspir após o bochecho.

2. Manter escovas de dentes numa solução de água oxigenada conserva as escovas livres de germes que causam gengivite e outros problemas bucais.

3. Um pouco de água oxigenada num pano desinfecta superfícies melhor do que qualquer outro produto. Excelente para usar em cozinhas e banheiros.

4. Tábuas de carne e outros utensílios são totalmente desinfectados após uso, com um pouco de água oxigenada. O produto mata qualquer bactéria ou germe, inclusive salmonelas.

5. Passada nos pés, à noite, evita problemas de frieiras e outros fungos que causam os principais problemas nos pés, inclusive os maus odores (chulé).

6. Passada em ferimentos (várias vezes ao dia) evita infecções e ajuda na cicatrização. Até casos de gangrena regrediram com o seu uso.

7. Numa mistura meio a meio com água pura, pode ser pingada no nariz em resfriados e sinusites. Esperar alguns instantes e assoar o nariz. Isso mata germes e outros micro-organismos nocivos.

8. Um pouco de água oxigenada na água do banho combate micoses e fungos e ajuda a manter a pele saudável.

9. Roupas que precisam de desinfecção (lençóis, fraldas etc.) ou aquelas em contacto com secreções corporais e sangue, podem ser totalmente desinfectadas se ficarem de molho numa solução contendo água oxigenada antes da lavagem normal.

10. Certamente você encontrará outras formas de usar a água oxigenada em sua casa.

terça-feira, 26 de março de 2013

A fruta proibida é a mais apetecida

Gosto muito dos ditados populares, eles falam, em sentido figurado, verdades em frases curtas.
Vemos muitas jovens, de boas famílias, numa eterna procura do ser amado, do seu futuro marido, quase sempre um ser utópico, criado na sua imaginação, uma cópia melhorada do pai ou do avô, com toques de Midas e Apolo. E o mesmo acontece com os rapazes: buscam meninas lindas, inteligentes, bem dotadas fisicamente e de preferência ricas.

A fruta proibida representa os sonhos inatingíveis, não porque não tenhamos capacidade para obtê-los, mas por total incompatibilidade com a realidade. É o caso daquela jovem que nunca acha o seu namorado o melhor pra si, porque simplesmente está com o olhar voltado para uma utopia, buscando o ouro sem jaça entre as pedras da vida.

Conta-se que, certa vez, um homem caminhava pela praia numa noite de lua cheia.

Pensava desta forma: Se tivesse um carro novo, seria feliz... Se tivesse uma casa grande, seria feliz... Se tivesse um excelente trabalho, seria feliz...

Foi quando tropeçou numa sacolinha cheia de pedras. Ele começou a jogar as pedrinhas, uma a uma, no mar, cada vez que dizia: Seria feliz se tivesse...

Assim o fez, ficando somente com uma pedrinha na sacola, que decidiu guardá-la.

Ao chegar a casa percebeu que aquela pedrinha tratava-se de um diamante muito valioso! Quantos não desperdiçou?


Minha mãe gostava de dizer que “não há beleza sem senão”; sempre haverá um ponto desfavorável em qualquer ser humano na face da terra. Cada um de nós tem muitas virtudes; porém, muitos defeitos também. Mesmo buscando a perfeição, estaremos muito longe de tê-la.

Essa busca incessante por alguém que possivelmente não existe, impossibilita-nos ver quem está bem ao nosso lado e que com certeza pode ser a outra metade da laranja, aquele ou aquela que nos complemente. É o diamante lançado ao mar.

Sonhar é muito bom, mas a realidade da vida é bem melhor quando temos ao nosso lado alguém que consegue nos aceitar como somos e alguém em quem possamos confiar e amar, sem limites, alguém que saiba somar com as nossas diferenças e fazer tudo ficar perfeito então. Este ou esta será a nossa gema preciosa que só precisava de uma atenção maior.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Procurando a ponta da linha

Quem já precisou ao menos uma vez na vida pregar um botão, ou soltar pipas,  sabe exatamente o que é achar a ponta, o início da linha no carretel. A tarefa muitas vezes não é fácil e requer atenção e paciência, dali sairá, então, toda a linha que vamos precisar para costurar.

Assim é também na nossa vida diária quando temos que “costurar” algo que puiu com o tempo ou com as viradas da convivência familiar.  Vamos precisar de paciência e esforço para encontrar a “ponta da linha”, o início do revés, para podermos, desse ponto, começar as mudanças ou recomeçar a luta para salvar a união de todos.

Como o centro da família é o casal, será aí o início da procura pela ponta. Nada fácil, por sinal. Temos que nos empenhar, e muito, para desembolar o carretel e tornar a por toda a “linha” no lugar.
Quando todos brigam e ninguém tem razão, teremos que instituir algum membro do lar para arrumar o jeitinho de achar a saída para recuperar a harmonia familiar. Nessa hora, entra a mulher, como sempre a famosa salvadora da pátria.

Palavrinha tão bonita, chega a soar como a uma valsa de Strauss, mas, ao mesmo tempo, muito complexa e de difícil ajuste. Harmonia....

Harmonia no samba, na pintura, no vestir-se, para tudo ela é a chave da beleza, e muitas vezes da felicidade. E a harmonia do casal deve vir a frente de tudo, a custo de luta e sacrifícios diários. Mas, como? Achando o início , a ponta das diferenças, o momento exato onde começam a ficar em desequilíbrio.

Essa receita de bolo também procuro eu todos os dias, para obter essa beleza familiar. Esse encontro de perfeição; mas , confesso, não é fácil.

Quando pensamos que estamos dominando o iceberg, descobrimos que ele é muito maior do que pensamos, e o Titanic familiar parece afundar. E aí, então, começamos tudo de novo. A vida do lar é assim mesmo, um começar e recomeçar todos os dias. Contando com nossas mudanças hormonais, de humor e de condições físicas.

A única coisa certa é o amor que deve reinar entre todos e o desejo do bem comum. O resto vamos corrigindo o rumo a cada dia que se passa. Com isso não teremos a rotina como a vilã traiçoeira que destrói muitos lares, porque estaremos sempre fazendo um esforço novo para tornar o outro dia um recomeço melhor.

domingo, 24 de março de 2013

A essência da liderança: o caráter – parte 2

Segunda parte da reprodução,  do capítulo referido na parte 1, do excelente livro Virtudes e Liderança, de Alexandre Harvard.

O que caracteriza um líder é a sua magnanimidade e a sua humildade.  O líder tem um sonho, um sonho do qual nascem invariavelmente um ideal e uma missão. A magnanimidade é a virtude que produz nele esse elevado estado do espírito.

Mas a liderança não consiste apenas em pensar grande. Um líder é sempre um servidor: um servidor dos seus companheiros, dos seus empregados, dos seus filhos, dos seus concidadãos, um servidor de toda a humanidade. A essência do serviço é a humildade. Ao praticar a humildade, o líder respeita a dignidade conatural daquele a quem serve e, em particular, a dos que participam de uma missão comum.

Magnanimidade e humildade são virtudes inseparáveis da liderança. A magnanimidade é a origem das ambições nobres; a humildade canaliza essas ambições para o serviço aos outros. A magnanimidade e a humildade são, por excelência, virtudes do coração. Conferem ao líder que as possui uma importante dose de carisma, que não é esse "dom" de eletrizar as multidões que algumas pessoas possuem. Com esse duvidoso talento pode-se gerar entusiasmo a curto prazo, mas poucas vezes confiança; ao final, acaba-se por provocar riso e desprezo. Mussolini é um bom exemplo disso. A liderança não é demagogia, mas virtude provada pelo tempo.

A magnanimidade está em crise. A estranha mistura de individualismo e coletivismo da sociedade moderna produz gerações de pusilâmines, gente sem ideal, sem missão, sem vocação:"os entrevados de coração", como disse Jacques Brel. Cada um defende as fronteiras do seu próprio ego (individualismo), desse ego que a sociedade considera como um átomo de inexistência (socialismo) Isso leva ao seguinte resultado:"Eu, eu, eu e nada mais do que eu.(...)

Também a humildade já teve dias melhores. A cultura moderna considera-a com desprezo, como a virtude do serviço. A palavra "serviço" era antigamente uma das palavras mais nobres que se podiam pronunciar. No Japão, dava-se ao "servidor" o bonito nome de samurai. Hoje em dia, quando falamos de serviço, pensamos em serviços comerciais, em serviços remunerados.

Se a magnanimidade e a humildade - que constituem os pilares da liderança - são principalmente virtudes do coração; já as virtudes cardeais da prudência, justiça, fortaleza e autodomínio - que constituem os alicerces da liderança - são sobretudo virtudes da inteligência e da vontade. Dentre as virtudes cardeais, a prudência, virtude específica dos que têm que tomar decisões, é a mais importante: para dirigir com eficácia, precisa-se sobretudo da capacidade de tomar boas decisões.                                                   [...]

Assim o diz Stephen Covey: "Quando trato de usar estratégias de influência e táticas para conseguir que os outros façam o que eu quero, que trabalhem melhor, que se sintam mais motivados, que eu consiga agradar-lhes e que haja entre eles um bom relacionamento, nunca poderei ter êxito a longo prazo se o meu caráter for fundamentalmente imperfeito e estiver marcado pela duplicidade e pela falta de sinceridade. A minha duplicidade alimentará a desconfiança e tudo o que eu fizer (mesmo que aplique boas técnicas de "relações humanas") será entendido como manipulação".

sábado, 23 de março de 2013

Campos de concentração na Polônia (Parte II): Birkenau (ou Auschwitz II)

Assim como Auschwitz, o campo de concentração nazista de Birkenau (também conhecido como Auschwitz II) é muito impressionante. Ao chegar ao pórtico que é exibido em muitos filmes, é impossível não se chocar com o tamanho do lugar, que abrigava até duzentos mil prisioneiros.

O famoso pórtico de Birkenau

O famoso pórtico de Birkenau, várias vezes retratado pelo cinema em filmes
como "Lista de Schindler"
São várias alas de barracões gigantescos que você facilmente perde de vista. Alguns foram demolidos, mas uma boa parte permanece de pé.

Cerca em Birkenau com barracões ao fundo Cerca em Birkenau com barracões ao fundo
Com o passar do tempo e a lotação cada vez maior dos barracões, a função do campo de Birkenau era mesmo a de matar pessoas em grande escala. Tanto que muitos dos que desembarcavam dos trens ali dentro já iam direto para as câmaras de gás, com a desculpa de que seriam desinfectados após a longa e insalubre viagem até o campo. Havia um lugar para eles deixarem seus pertences, tirarem as roupas... Mas a verdade é que em apenas alguns minutos eles estariam mortos.

Os vagões de carga que chegavam superlotados de passageiros em Birkenau Um dos vagões de carga que chegavam superlotados de passageiros em Birkenau
Em Birkenau, foi construída uma câmara de gás gigantesca capaz de matar até 2.500 pessoas ao mesmo tempo. Essa máquina da morte trabalhou com força total entre 1943 e 1944. No mesmo prédio, havia vários incineradores nos crematórios, que foram destruídos pelos nazistas  (usando mais de 20 mil dinamites) em novembro de 1944, antes de abandonarem o campo, na tentativa de eliminar as evidências de seus crimes. Hoje restam apenas os alicerces desse lugar macabro.

Prédio em que funcionavam as câmeras de gás e os crematórios em Birkenau Reuínas de prédio em que funcionavam as câmeras de gás e os crematórios em Birkenau
Segundo a guia que nos acompanhou durante a visita ao complexo Auschwitz-Birkenau, para abafar os gritos desesperados das pessoas que ficavam confinadas nas câmaras de gás, os soldados tocavam durante todo o dia marchinhas alegres em um volume bem alto. Mas acredito muitos dos prisioneiros dos campos já conheciam o seu destino.

Homenagem aos mortos em Birkenau Homenagem da Alemanha aos mortos em Birkenau
No campo de Birkenau há também um memorial formado por várias pedras, onde homenagens são prestadas diariamente aos mortos.

Placa em homenagem aos mortos em Auschwitz-Birkenau Placa em homenagem aos mortos em Auschwitz-Birkenau
Considero que as condições de sobrevivência em Birkenau eram ainda mais cruéis do que em Auschwitz. Os barracões eram feitos em madeira e possuíam um vão de ventilação que devia tornar a temperatura do ambiente congelante no inverno. Em Auschwitz eles eram feito de tijolos e podiam ser totalmente fechados.

Dormitório em Birkenau Dormitório em Birkenau que chegava a abrigar simultaneamente 400 pessoas
Os banheiros eram coletivos e insalubres e só podiam ser usados por alguns segundos duas vezes ao dia. E o acesso à comida e a medicamentos era quase inexistente.

Banheiro coletivo em Birkenau
Banheiro coletivo em Birkenau
Como visitei o campo no inverno, pude sentir que o local é absurdamente frio. Mesmo com vários casacos, luvas e gorro senti o vento cortante que corre pelo terreno e que torna o lugar ainda mais assustador. Fiquei imaginando como as pessoas conseguiam sobreviver a essas condições somente com o uniforme listrado composto por uma calça e uma blusa de manga comprida, sem meias e com um sapato de couro.

Uma das alas do campo de Birkenau Uma das alas do campo de Birkenau
Abaixo deixo mais algumas fotos desse lugar que marcou a nossa história de uma maneira muito trágica e que hoje é considerado um Patrimônio Mundial por sua importância histórica. E se você ainda não leu o relato sobre o campo de Auschwitz, clique aqui para acessá-lo.


Cerca em Auschwitz Cerca em Birkenau com rosa em homenagem aos mortos
O pórtico de Birkenau e a cerca eletrificada O pórtico de Birkenau e a cerca eletrificada
Uma imensidão que parece não ter fim Uma imensidão que parece não ter fim

sexta-feira, 22 de março de 2013

Uma verdade mais inconveniente ainda

Le secret d'ennuyer est celui de tout dire. O segredo para aborrecer é falar tudo.
Voltaire

Ontem, 21 de março de 2013, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionou a favor do aborto.Na nota emitida pelo CFM há uma frase curiosa (o negrito é nosso): "Com relação aos aspectos epidemiológicos e de saúde pública, concluiu-se que a prática de abortos não seguros (realizados por pessoas sem treinamento, com o emprego de equipamentos perigosos ou em instituições sem higiene) tem forte impacto sobre a Saúde Pública. No Brasil, o abortamento é uma importante causa de mortalidade materna no país, sendo evitável em 92% dos casos. Além disso, as complicações causadas por este tipo de procedimento realizado de forma insegura representam a terceira causa de ocupação dos leitos obstétricos no Brasil. Em 2001, houve 243 mil internações na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) por curetagens pós-abortamento."

O CFM erra em dados importantes, por má fé, por ignorância ou por não saber interpretar dados. Não importa; as três causas são assustadoras e colocam em cheque a credibilidade do órgão que regula o exercício da medicina no Brasil.

Nada melhor que a verdade para nos libertar do erro. E aqui vai a verdade com os melhores dados de mortalidade do ano 2012 provenientes do Datasus ainda passíveis de pequenos ajustes.

  • Brasileiros que Morreram em 2012: 1.102.839
  • Mulheres que Morreram em 2012: 472.523
  • Mulheres que morreram em idade fértil: 62.251
  • Que morreram durante a gravidez: 1.271
  • Que morreram por causas diretas ligadas à gravidez: 877
  • Mortes em decorrência de qualquer tipo de aborto: 113

Das que morreram em decorrência de abortamento 66% eram solteiras e 34% casadas ou viúvas.Portanto as mortes decorrentes de um abortamento, provocado ou não, representam 0,024% das mortes de mulheres no Brasil, 8% das mortes ocorridas durante a gravidez.

Destas mortes relacionadas a qualquer tipo de abortamento há três possibilidades: abortamento natural, abortamento provocado com amparo da lei brasileira e abortamento ilegal. Quantos, dos nossos estimados 113 casos, são relacionados a abortamentos ilegais não podemos saber ao certo. Um chute orientado bem conservador seria 50% das pessoas solteiras e 10% das casadas o que daria 41 casos (3% das mortes de mães).

Há outros temas que o CFM poderia dar mais atenção: tuberculose (1240 mulheres mortas), Dengue (155 mulheres mortas), Doença de Chagas (2159 mulheres mortas), Acidentes de Transporte (8058 mulheres mortas), Afogamento (728 mulheres mortas), Agressão (4465 mulheres mortas), Suicídio (2073 mulheres mortas).

Com estes fatos e considerando o número de bebês que morrem por abortos você pode tirar conclusões muito mais honestas que com a declaração do CFM.



EmContando – 26 - O Gigante Egoísta ( segunda parte )


E olhou para fora ... Mas o que via?!

Um quadro maravilhoso! A criançada entrara furtivamente no jardim, através dum pequeno buraco na muralha, e estava sentada nos galhos das árvores. Em cada uma destas, havia uma criança. E as árvores estavam tão contentes por entreterem, de novo, a petizada, que se tinham coberto de flores e meneavam delicadamente os ramos por sobre as cabecinhas infantis. Os pássaros esvoaçavam dum lugar a outro, chilreando de prazer; as flores erguiam os olhos, por entre a grama verdejante, e riam. Uma linda cena; apenas num canto era ainda inverno, no trecho mais afastado do vergel; nele, havia um rapazinho em pé, tão pequeno que não lograva alcançar os galhos da árvore, e vagueava à  volta desta, chorando amargamente. A pobre árvore ainda se encontrava coberta de neve e geada; o Vento do Norte soprava, zunindo, sobre ela.

“Sobe, rapazinho!” – instava a árvore, abaixando os galhos tanto quanto podia. Mas o menino era muito pequeno.

O coração do Gigante comoveu-se àquela cena.

“Quão egoísta tenho sido!” – disse. “Compreendo, agora, porque a  primavera não quis vir aqui. Colocarei aquele rapazinho no alto da árvore; depois, com uma pancada, derrubarei a muralha, e meu jardim será, para sempre, um parque infantil.” Lastimava, realmente, o que fizera.

Cuidadoso, desceu ao rés-do-chão, abriu a porta da frente, bem devagar, e saiu para o jardim. Mas, avistando-o, as crianças atemorizaram-se de tal forma que todas elas deitaram a correr; e ali tornou a ser inverno, novamente. Só não correu o rapazinho, pois tinha os olhos inundados de lágrimas, a ponto de não notar a aproximação do Gigante. Este chegou, de mansinho, por trás do menino e, erguendo-o nas mãos, com brandura, colocou-o na árvore, que se enflorou no mesmo instante, e os pássaros vieram e cantaram, pousados em seus ramos. O rapazinho, estendendo os braços, lançou-os em torno do pescoço do Gigante, a quem beijou.  As demais crianças, ao perceberem que o homenzarrão já não era ruim, voltaram correndo; com elas voltou também a primavera.

“Este jardim agora é vosso, meninos.” – disse-lhes o dono do  castelo.

E, tomando dum enorme machado, pôs abaixo a muralha.

Ao ir à feira das doze horas, o povo deparou com o Gigante a brincar com as crianças e, ao cair da noite, foram despedir-se de seu benfeitor, que lhes perguntou:

“Onde está o vosso companheirozinho, o que pus na árvore?” O Gigante amava-o mais que aos outros, pois que dele recebera um beijo.

“Não sabemos” – responderam-lhe. Ele sumiu-se.”

“Deveis dizer-lhe que não deixe de vir amanhã.”

As crianças, porém, retrucaram-lhe que desconheciam onde morava o referido rapazinho e que nunca o tinham visto antes. O benfeitor entristeceu-se muitíssimo.

Todas as tardes, ao terminar das aulas, os petizes iam brincar com o Gigante; mas aquele a quem este amava, jamais foi visto outra vez. O Gigante era bastante gentil para com todas as crianças; contudo, sentia  saudades de seu primeiro amiguinho e mencionava-o muitas vezes.

“Como eu gostaria de vê-lo!” – costumava dizer.

Passaram-se os anos. O Gigante ficou bem idoso e alquebrado. Já não  lhe era possível brincar por ali, de modo que permanecia sentado numa enorme cadeira de braços, vendo os folguedos infantis a admirando o seu jardim.

“Tenho um mundo de flores lindas” – dizia consigo - , mas as crianças são as mais lindas de todas.”
Numa manhã de inverno, ao vestir-se, olhou para fora da janela. A esse tempo, não mais detestava o inverno, pois sabia que era apenas a primavera adormecida, e que as flores repousavam.

Subitamente, esfregou os olhos, admirado, firmando a vista. Era, sem dúvida, um esplêndido cenário! No canto mais  afastado do jardim estava uma árvore toda coberta de lindas flores brancas; seu galhos eram de  ouro e deles  pendiam pomos prateados; e, debaixo da árvore, o rapazinho que ele tanto amava!

Transbordante de alegria, correu para o rés-do-chão e dali para o jardim. Correu mais depressa ainda por sobre a grama, e aproximou-se do menino. Ao chegar-lhe bem perto, o rosto do Gigante tornou-se rubro de cólera.

“Quem ousou magoar-te?” – perguntou-lhe, pois nas palmas das mãos do menino havia sinais de dois pregos cravados, sinais que se repetiam em seus pezinhos.

Insistiu: “Quem ousou magoar-te? Dize, para que eu possa pegar da minha espada e matá-lo.”
“Não!” – respondeu a criança. – “São estigmas de Amor.”

“Mas, quem és?” – tornou a indagar o Gigante.

Foi tomado, então, dum estranho temor, caindo de joelhos diante da criancinha, que lhe disse, sorrindo:

“Deixaste-me brincar uma vez em teu jardim; pois, hoje, irás  comigo ao meu, que é o Paraíso.”
Ao voltarem, correndo, naquela tarde, as crianças encontraram o Gigante morto, sob a árvore, e todo coberto de flores brancas.
                                                      FIM

(Em O Fantasma de Canterville e outro contos de Oscar Wilde (1856-1900) Editora Tecnoprint Ltda. Rio de Janeiro)
                                Agnes G. Milley



quinta-feira, 21 de março de 2013

A essência da liderança: o caráter – parte 1

Reproduziremos, em  dois capítulos, um pouco do capítulo referido acima, do excelente livro Virtudes e Liderança, de Alexandre Harvard, da editora Quadrante, essencial a todos os líderes de todas as espécies e categorias. O livro é muito objetivo, fino, de fácil leitura, uma ótima opção para ler e presentear. Essa iniciativa nossa é uma homenagem à mais completa líder da mais importante empresa - a família - no dia a dia (não em um só destacado) uma servidora de primeira classe: a dona de casa.
 
A liderança só pode ser uma questão de caráter. E o caráter não nos é imposto pela natureza: podemos modificá-lo, modelá-lo, fortalecê-lo e, ao proceder assim, adquirimos a coerência, a constância e o equilíbrio(...).

Fortalecemos o nosso caráter pela prática de hábitos morais, denominados virtudes ética ou virtudes humanas. Quando agimos assim, o caráter produz uma marca indelével n nosso temperamento, o qual deixa de comentar a nossa personalidade.

As virtudes são qualidades da inteligência, da vontade e do coração. Conferem força ao caráter e estabilidade à personalidade; e adquirem-se mediante a repetição de atos. Platão definiu como principais quatro virtudes humanas: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança ou autodomínio. São as chamadas virtudes cardeais (do latim cardo ou "gonzo"), porque nelas se baseiam as demais virtudes. Cada uma das virtudes não cardeais está ligada a uma das cardeais e dela depende.

É necessário mencionar outras duas virtudes: a magnanimidade e a humildade. São duas virtudes fundamentais, embora a tradição não as conte entre as cardeais. Para o gregos, a humildade dependia da virtude cardeal do autodomínio, e a magnanimidade, da virtude cardeal da fortaleza.

A virtude é uma foça dinâmica, como sugere a palavra latina da qual procede, virtus, que significa "força" ou "poder". Cada virtude, quando praticada habitualmente, melhora progressivamente a nossa capacidade de agir.

As seis virtudes que acabamos de mencionar permitem-nos:

- tomar boas decisões (prudência);
- manter o rumo e resistir a qualquer tipo de pressões (fortaleza);
- submeter as paixões ao espírito e dirigi-las à realização da nossa missão (autodomínio);
- dar a cada um o que é seu e entrar no coração dos outros (justiça);
- corresponder à nossa vocação, realizar a nossa missão, estabelecer objetivos pessoais elevados para nós mesmos e para os outros (magnanimidade);
- ultrapassar o nosso ego e servir os outros de forma habitual (humildade).

As virtudes não são um substituto da competência profissional; são, mais propriamente, uma parte substancial dela.[...] A competência profissional é muito mais do que a simples posse de uns conhecimentos técnicos ou acadêmicos: envolve a capacidade de utilizar bem esses conhecimentos par afins proveitosos.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Quantos filhos nos enlouquecem?

Estive pensando em algumas mães com dois filhos que se dizem enlouquecidas com o trabalho e as preocupações com as crianças. E umas desesperadas com um filho apenas.

De fato, as crianças pequenas dão muito trabalho, e, como não temos formação específica para sermos mães, ficamos apavoradas com tudo que surge em nossos bebês. Um tombo; uma doença de difícil diagnóstico; noites sem dormir; exames para fazer; casa para cuidar; trabalho fora de casa; tudo isso somado provoca um estresse muito grande.

Não quero assustar ninguém com esse meu papo, tive nove filhos e sobrevivi, ainda que meio louca!  Porém, viva e alegre, podendo aproveitar do convívio de todos, mesmo dos distantes. A internet é um bem enorme, que encurta as distâncias e ajuda a matar as saudades.

O período da primeira infância é um teste probatório para o resto das nossas vidas, ,e quando o ultrapassamos, nos tornamos mais fortes e prontos para a outra fase, menos trabalhosa, mas não menos preocupante (pra não dizer mais enlouquecedora): a adolescência.

Pela vivência que tive, não é a quantidade de rebentos que nos enlouquece, e sim o despreparo para executarmos muitas tarefas ao mesmo tempo, com alegria e boa disposição. Estamos acostumados a sermos servidos; a criação que recebemos de nossos pais não nos preparam para este tanto de obrigações e problemas; formamo-nos em muitas áreas, temos vários diplomas acadêmicos e a nossa parte doméstica fica um pouco (ou será muito?) de lado. Não há tempo nem para lavar um copo ou fazer um ovo frito, quando somos jovens e solteiros.

Deveria fazer parte da grade curricular das escolas aulas de economia doméstica e formação familiar, incluindo cuidados com os filhos. Eu cheguei a fazer um curso de Eugenia quando entrei no colegial, oferecido pela escola. Foi muito proveitoso. Seriam aulas muito mais proveitosas do que querer ensinar educação sexual, fornecendo camisinhas e ensinando o tal “sexo seguro” , totalmente fora da realidade e que invade um terreno próprio dos pais.

Na hora de criar e educar os filhos, todo o nosso conhecimento acadêmico fica em segundo plano, e surge em nós o instinto de mãe, que, graças a Deus, temos bem apurado, para dar continuação ao nosso cuidado com as crianças.

Os filhos não nos enlouquecem, o que nos deixa desvairadas é a nossa consciência de estarmos despreparadas para tal incumbência. A sensação de impotência diante de uma criança com 39º de febre, ou vomitando sem parar, isso sim nos abate e mina a alma. Mas, somente com confiança e fé em um Deus-Pai todo poderoso, vamos levar adiante e ultrapassar as barreiras da insanidade e conseguir ter quantos filhos Deus permitir que tenhamos dentro da nossa programação familiar.

terça-feira, 19 de março de 2013

Homenagem a D. Rafael Llano Cifuentes por seus 80 anos de plena vida

Esta é uma carinhosa, mas simples homenagem a nosso querido D. Rafael, pastor que aprendeu e pratica sua dedicação incansável às almas, a todas as almas, de S. Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei. Agraciado por Deus com o dom da oratória inflamante, que comoveu sempre a quem teve a felicidade, expressa em lágrimas e risadas, de assistir a suas palestras e recolhimentos, e principalmente com o dom da sabedoria e do conselho que o Espírito Santo o inundou como pastor e confessor amável, inesquecível, foi, é e será sacerdote, outro Cristo, ipse Christe, o próprio Cristo.

 "A minha vivência ao lado de São Josemaria representou o fator preponderante da minha vocação" ::

“Recebi o convite ao sacerdócio de São Josemaria Escrivá de Balaguer”, afirmou Dom Rafael Llano Cifuentes, bispo emérito da diocese de Nova Friburgo, em Missa comemorativa dos seus 80 anos. Ao longo da sua vida conviveu e foi secretário de São Josemaria, fundador do Opus Dei, experiência que - como afirmou Dom Rafael - constitui um estímulo e lhe impulsiona constantemente à santidade. A seguir, publicamos suas palavras de agradecimento.

O principal sentimento que predomina neste meu octogésimo aniversário natalício é de um profundo agradecimento a Deus.

 A vocação com que o Senhor me beneficiou ultrapassa com muito os meus desejos e as minhas possibilidades. A entrega total me assustava. Queria ser um profissional competente, casar e ter família.

 O Senhor tinha outros desígnios, mais elevados. Contudo, a partir do momento em que decidi segui-Lo sem reserva e sem condições, veio uma luz e uma força tão grande e profunda que compreendi que não eram minhas. Tenho que agradecer ao Senhor com toda a minha alma que nunca tive uma sombra de dúvida a respeito da minha vocação. Gratias tibi Deus, gratias tibi! Muito obrigado, Senhor! Este agradecimento que faço agora envolve muitos outros que começam por meus pais – Antonio e Estela –:  Eles me souberam dar uma educação cristã forte, e profunda. Considero a minha mãe uma mulher santa. Ela, com coragem cristã, firmeza e espírito de sacrifício gerou e educou nove
filhos.

Podemos ler na íntegra no site: http://www.opusdei.org.br/art.php?p=52389

 Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2013.
Dom Rafael Llano Cifuentes
Bispo Emérito da Diocese de Nova Friburgo

São José - 19 de março

Um carinho ao nosso padroeiro São José, pelo seu dia.
Todos os anos comemoramos neste dia o santo que foi o pai adotivo de Jesus. Aquele que na sua vida simples de carpinteiro formou o menino Deus aqui na terra, junto com Maria Santíssima.
 Que ele proteja nossas família sempre.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Com quem é melhor morar?

Com o advento do divórcio, as famílias estão passando por novos problemas com os filhos, na hora de se reestruturar. Quando os filhos são ainda pequenos, é quase certo que permanecerão com a mãe; porém, quando estão do início da adolescência em diante, a situação muda de figura.

Hoje, numa dessas conversar de volta pra casa com minha filha menor, ouvi que a amiga nova do colégio veio para esta unidade, onde estudam, porque agora mora com o pai. E minha própria filha diz achar estranho: “mãe, todo filho mora sempre com a mãe!”.  

Parece natural aos olhos de todos que a mãe, a que ficou nove meses com seu bebê no ventre, gerando, alimentando, enfrentando vários sacrifícios durante esta gestação, tenha alguns direitos a mais que o pai, na hora da decisão de quem ficará com os filhos.  Contudo, o filho adolescente, ou pré, numa situação dessas, já adquiriu o direito de decisão e pode escolher com quem ficar. 

Sabendo-se que a mãe é geralmente a quem mais exige dos filhos, a educadora em potencial, é natural que optem por ficar com o pai. É natural, o que não quer dizer que seja correto.

O pai com certeza vai fazer de um tudo para agradar o filho ou filha, começando por permitir ao jovem todas as suas vontades. Talvez por se sentir culpado pela separação da família. Ou porque nunca vivenciou de verdade as crises de adolescente dele.

Num momento assim, é bom não perder o foco, centrar nas necessidades reais deste filho ou filha, que merece respeito e que precisa continuar a ser educado, para obter uma formação completa e com bons princípios morais e humanos.

Fiquem com quem ficarem, os filhos necessitam dos cuidados de ambos e devem continuar a respeitar e a amar seus pais, dos quais não há separação  ainda! Com certeza os filhos precisam de coerência e da contribuição de cada um, com o mesmo tom nas cobranças e nas permissões.

domingo, 17 de março de 2013

Produtos Gourmet

A palavra Gourmet vem sido cada vez mais usada, às vezes por quem mal sabe seu significado. Vem do francês e está associada à "haute cuisine", alta cozinha, e designa um produto alimentar (incluindo bebidas). Um produto do tipo carrega em si mesmo uma referência à cultura do lugar ou país de origem, que pode ter começado a ser fabricado rusticamente, mas, com o tempo, foi aprimorado e passou a participar de um tipo de gastronomia mais sofisticada. O termo também é atribuído a uma pessoa com alto padrão de prática ou exigência culinária. Esses produtos são naturalmente mais caros, por sua produção limitada, design diferenciado da embalagem e podem também receber a especificação "Premium". Sua procura tem aumentado significativamente, pela divulgação e cultivo do espírito crítico, e também pelo maior poder aquisitivo da população.

Destacamos aqui somente alguns dos variados itens assim classificados:
- Flor de Sal: é assim chamada por ser a nata, metafórica e fisicamente do sal, pois recolhem-se os primeiros cristais formados pela evaporação da água do mar. Tem textura fina, sendo colhida manualmente e embalada logo após a coleta. Não deve ser levada ao fogo ou ao forno, serve para a finalização dos alimentos, podendo ser polvilhada levemente com a mão, para agregar um sabor especial, sem exagero, a saladas e alimentos pré-cozidos.  Para se ter uma ideia, são necessários 80 kg de sal marinho bruto para se extrair 1 kg dos cristais da Flor de Sal.   (Fonte: www.cimsal.com.br)
A Flor de Sal exalta com delicadeza o sabor da comida. Por isso é mais utilizada para a finalização de pratos, pulverizando-a antes de servir. Ela é colhida artesanalmente, com a ajuda de redes, em momento propício e é embalada diretamente depois da coleta. São necessários, aproximadamente, 80 kg de sal marinho bruto para produzir 1 kg dos caríssimos cristais de Flor de Sal.

É uma fonte natural de potássio, cálcio, cobre, zinco e magnésio.

- Alho Negro: "o alho negro tem sabor doce e frutado,  algo entre vinagre balsâmico, tamarindo e melaço de cana. Seu uso vai bem com pratos salgados e doces, e dizem que ele tem alto teor de antioxidantes. O processo de fermentação do alho surgiu no oriente, não se sabe ao certo se em casa de coreano ou japonês. O fato é que o ocidental  “disseminou” na alta gastronomia – leia-se o chef espanhol Ferran Adrià. A mágica do alho negro está no sabor, mas o visual é interessante: a casca é dourada e os dentes negros, como se tivesse sido assado na fogueira.  No Brasil, está mais restrito aos restaurantes e o comércio ainda não é grande. (...) No site da Embrapa e do Globo Rural há informações." blog.tribunadonorte.com.br/aoponto/apostila...alho-negro.../50062

 - Açafrão, açafrão-da-Índia ou Cúrcuma  " É tida como uma das mais caras ou a mais cara especiaria do mundo uma vez que, para se obter um quilo de açafrão seco, são processadas manualmente cerca de 150.000 flores, e é preciso cultivar uma área de aproximadamente 2000  m². Quando seca, a flor desprende de seus órgãos um pigmento amarelo e um óleo volátil, tradicionalmente usado como corante de tecidos." (Wikipédia) É parte integrante do tradicional tempero indiano caril, ou curry. Seu consumo intenso tornou a Índia o país com menor taxa da doença de Alzheimer,além de ter comprovada ação anti-inflamatória com propriedades anti-cancerígenas e proteção cardio-vascular. "Podemos dizer que um pouco de açafrão por dia, do médico nos alivia." Acompanha peixe ou carne, ou é utilizado no famoso arroz de açafrão.

- Azeite premium ou vintage: "um azeite nobre, obtido de uma variedade única de azeitona (monovarietal), e que proporcionam ao paladar sensações semelhantes a um bom vinho.(...) Assim como um vinho, cada azeite desta linha é elaborado a partir de uma safra especial, extraído de da primeira prensagem a frio e com apenas 0,2% de acidez máxima”. www.lojadoazeite.com.br .
Este tipo de azeite, devido à sua baixa acidez, não deve ser levado ao fogo, e em seu lugar podemos usar outro tipo com mais acidez. A diferença de preço entre o azeite extra-virgem comum e o premium não é tão elevada. Seu sabor apurado vale o gasto, pois confere um paladar marcante à comida que o recebe. 

                                                   Maria Teresa Serman