Desde quando o homem aprendeu a falar, ele conta
histórias. Conta suas aventuras, seus sonhos e dramas. Contava antes,
aliás, desenhando nas paredes das cavernas; depois ao redor da
fogueira e ao pé das lareiras. O homem aprendeu a ler. Que bom! Sou
apaixonada por livros. Ler é indescritivelmente bom, mas pode ser também
considerada como uma atividade solitária. Apenas os assuntos e as personagens
nos fazem companhia. Livros e telinhas, como parceiros, podem isolar-nos,
fechar-nos dentro de um casulo. É preciso, com frequência, romper o casulo e
deixar a borboleta voar e encantar. Afinal, quem conta encanta.
Assim como gosto dos livros, também não desprezo as
telinhas, mas não devemos deixar nossos irmãos de carne e osso ficarem
fora dessa história. Há ocasiões em que nos falta paciência para ouvir o
que nos dizem pessoas. “Não enrole, vá logo ao que
interessa!” Chegamos a ouvir exclamações desse tipo ou quem
ainda não se deparou com ouvidos surdos? “Não enrole...” As vezes o
enrolar é enrolar mesmo, mas pode ser uma bela descrição, uma riqueza de
detalhe que enobrece ou colore aquilo que interessa.
Quem nos fala da telinha não sabe a quem se dirige,
mas nosso irmão, nosso amigo fala para nós. Olho no olho. Sente nossa
respiração, entende nosso olhar, ressoa nele nossa atenção. Isso é troca que ao
mesmo tempo enternece e agiganta.
Mas, contar o quê? Quando eu ainda dava
aulas, perguntava a meus adolescentes: “O que vocês viram de interessante no
caminho para cá?” A resposta era infalivelmente um embaraçoso silêncio ou
simplesmente um “NADA”.
Vamos CONTAR para nossas crianças e
adolescentes coisas simples que observamos e vivenciamos para que eles
também se acostumem a CONTAR. Não funcionará sempre, mas não se
esquecerão e, quem sabe, mais tarde , com alegria e gratidão, contarão
belas histórias para seus próprios filhos. E, como diz Dostoievski:
“O belo salvará o mundo.” Temos a semente em nós. PAIS, prestem
atenção! Agnes G. Milley
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