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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ver, Ler, Ouvir e Contar


Desde quando o homem aprendeu a falar, ele conta histórias. Conta suas aventuras, seus sonhos e dramas. Contava  antes, aliás, desenhando nas paredes das cavernas; depois   ao redor da fogueira e ao pé das lareiras.  O homem aprendeu a ler. Que bom! Sou apaixonada por livros. Ler é indescritivelmente bom, mas pode ser também considerada como uma atividade solitária. Apenas os assuntos e as personagens nos fazem companhia. Livros e telinhas, como parceiros, podem isolar-nos, fechar-nos dentro de um casulo. É preciso, com frequência, romper o casulo e deixar a borboleta voar e encantar. Afinal, quem conta encanta. 

Assim como gosto dos livros, também não desprezo as telinhas,  mas não devemos deixar nossos irmãos de carne e osso ficarem fora dessa história.  Há ocasiões em que nos falta paciência para ouvir o que nos dizem    pessoas. “Não enrole, vá logo ao que interessa!” Chegamos a ouvir   exclamações  desse tipo ou quem ainda não se deparou com ouvidos surdos?  “Não enrole...”  As vezes o enrolar é enrolar mesmo, mas pode ser uma bela descrição, uma riqueza de detalhe que enobrece ou colore aquilo que interessa. 

Quem nos fala da telinha não sabe a quem se dirige, mas nosso irmão, nosso amigo fala para nós. Olho no olho. Sente nossa respiração, entende nosso olhar, ressoa nele nossa atenção. Isso é troca que ao mesmo tempo enternece e agiganta.

Mas, contar o quê?  Quando eu ainda dava aulas, perguntava a meus adolescentes: “O que vocês viram de interessante no caminho para cá?” A resposta era infalivelmente um embaraçoso silêncio ou simplesmente um “NADA”. 

Vamos CONTAR  para nossas crianças e adolescentes coisas simples que observamos  e vivenciamos para que eles também se acostumem a CONTAR.  Não funcionará sempre, mas não se esquecerão e, quem sabe, mais tarde , com alegria e gratidão, contarão  belas histórias para seus próprios filhos.   E, como diz Dostoievski: “O belo salvará o mundo.” Temos a semente em nós. PAIS, prestem atenção!         Agnes G. Milley 

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