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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A cruz é o amor de cada dia

Por Maria Teresa Serman

"CONTA‑SE DE UMA ALMA santa que, ao ver como todos os acontecimentos lhe eram contrários e que a uma prova se sucedia outra, e a uma calamidade um desastre ainda maior, voltou‑se com ternura para o Senhor e perguntou‑lhe: Mas, Senhor, que foi que Te fiz?, e ouviu no seu coração estas palavras: Amaste‑me. E encheu‑se de uma grande paz e alegria. "

Quantas vezes, em nossa vida, hoje, ontem, há pouco tempo atrás, nos pegamos interrogando a Deus, sem entender o que fizemos para merecer este grave problema, aquela perda, uma contradição que nos faz sofrer? A resposta desse texto acima é exemplar: amamos a Cristo tão de perto, que Ele nos concede a graça de experimentar, também de pertinho, a Cruz. Não uma cruz qualquer, mas a especial, que nos leva a imaginar, e sentir na nossa pobre medida humana, se aprofundamos, a dor que Ele quis oferecer pela nossa salvação, e que podemos ofertar em holocausto exangue pelos que queremos redimir. Santa Teresa, que tinha visões e conversas místicas com o Senhor, e a quem Ele não poupava em exigências de viajar incansavelmente, mesmo com a sua saúde precária, para reformar e fundar conventos carmelitas, chegou a fazer um comentário mordaz, bem de acordo com seu temperamento forte. Ao reclamar do quanto Ele lhe exigia, sem ao menos curar suas enfermidades, ouviu a resposta: "Teresa, é assim que eu trato os meus amigos."  A santa retrucou: "Por isso é que Tu tens tão poucos amigos!"

Ser "amigo" de Jesus Crucificado não é fácil, mas seu "jugo é suave e sua carga é leve". Não será assim se nos conformarmos, porém, em aceitar resignadamente as cruzes. CRUZES, não contratempos, contrariedades comuns; isso também é utilíssimo para se oferecer, mas não são cruzes propriamente.  Jesus não se contenta com medíocres, com afiliados, simpatizantes, admiradores à distância. Ele demanda cirineus, que não só carreguem mas que se preguem junto com Ele na Cruz Redentora. Não é pouca coisa, não!, como se diz popularmente. É necessário ser herói, heroína, rasgar o coração e abri-lo para  Deus e o próximo.

Falando assim soa dramático, tonitroante, exagerado. Então é preciso destacar que esse heroísmo, que pode parecer assustador e distante da realidade, está, pelo contrário, bem entranhado nas pequenas coisas de cada dia, além das grandes que possam advir. Os pregos que forem enviados são cotidianos, comuns, entram na alma como conta-gotas ou estiletes, tanto faz. Em comum têm todos, de qualquer espécie, origem, tempo, o amor preferencial de Cristo por aqueles que se dispõem a acompanhá-lo  nas pregações pelos caminhos, nos banquetes, no Tabor, na Última Ceia,  no Getsêmani, no Calvário. Sem choramingar, sem vitimismo, com a alegria "dos que se sabem Filhos de Deus", que NUNCA lhes falta. S.Josemaria destacava que "quando parece que tudo vem abaixo, nada vem abaixo", porque "Deus não perde batalhas."

Que fique bem claro: esta é uma mensagem de otimismo, de esperança sobrenatural, de alegria. Sua finalidade é compartilhar e contagiar os corações com o Amor, porque sem Ele nada é possível, nada é bom, nada traz a verdadeira felicidade que se projeta para a vida eterna. Que os nossos dias sejam iluminados pela luz que não se pode esconder debaixo da mesa; nossa vida temperada com o "sal da terra", nós mesmos, que nos alimentamos do Pão do Céu ; que mundo e os que nos rodeiam sejam envoltos na massa fermentada por um elemento fundamental que inflama e desaparece, o Amor de Deus. E que, principalmente, não tenhamos medo à Cruz, porque sem Ela nada pode dar certo. 

Um comentário:

Patricia disse...

Que alento nos traz essa mensagem de Jesus...
É tão bom, no cansaço da luta de tentarmos nos desprender de nós mesmos e nos entregarmos inteiramente a Deus, saber que é nessas horas mais difíceis que Ele está mais presente do que nunca ao nosso lado.

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