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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Família: Onde a nossa liberdade começa - parte 2


Por Rafael Carneiro Rocha

No artigo da semana passada, comentei que todas as pessoas têm direitos e deveres escritos no coração. Justamente por ser algo comum a todos, as leis da vida humana não são invenções pessoais; portanto é preciso afinar os corações para Deus, a fonte de toda a autoridade. A vida em comunidade será tão mais saudável, quanto mais próximos os corações humanos estiverem de Deus. A primeira e mais fundamental comunidade é a família. Deus cria a humanidade e solicita que ela seja Sua parceira na geração da vida.

A família precisa ser imitadora das intenções divinas, criando pessoas em corpo e alma. A educação dos filhos é devedora do “ser humano” que Deus nos concede. A formação precisa da autoridade e enquanto os filhos não atingirem total responsabilidade pelos seus atos, é dever dos pais, não apenas com Deus, mas consigo mesmos e com a prole, exercer os deveres que lhe são concedidos. Se os filhos não estiverem sob as regras firmes dos pais, a família trairá a sua vocação natural.

Pai e mãe são uma só carne e todas as suas intenções para com os filhos precisam ser semelhantes. Aos olhos dos filhos, diferenças de opiniões entre marido e mulher só valem no âmbito das preferências entre morango e chocolate. Se houver diferenças de intenção sobre como exercer a autoridade paterna, que o consenso seja buscado a qualquer custo, nem que um dos lados tenha de ceder. E, mesmo que o lado que opine por mais “rigidez” pareça ter menos razão, é recomendável que a concessão seja para esta orientação. Impedir os garotos de fazer isso, vestir aquilo ou ir para acolá não é o fim do mundo.

Tradicionalmente, a figura do pai zela mais pela rigidez, enquanto a mãe nutre um espírito maior de cumplicidade para com a prole. Se por um lado, a educação moderna coloca o pai mais próximo afetivamente dos filhos, o que é algo muito bonito, por outro lado existe aí a perigosa tentação da cumplicidade. Em muitos lares, o pai é mais manso com a prole do que a mãe, porque o homem quer ser bem quisto pelos garotos. É um anseio compreensível, devido à dureza do mundo. O sujeito passa o dia pressionado pelas dificuldades da vida e quando chega em casa deseja, legitimamente, alguma ternura. Claro que os filhos são fonte de ternura, mas quem tem o dever de zelar pela autoridade no lar não deve se preocupar em ser recebido com mimos. Quando for necessário, o pai deve fazer o sacrifício de ser menos compreendido e querido do que a mãe. Faz parte da sua digníssima vocação. A longo prazo, os filhos bem formados lhe serão gratos, mas no calor do momento, o pai deve estar preparado para a impopularidade.

O homem se inclina mais facilmente pelo zelo da autoridade, enquanto a mulher é uma guardiã mais natural das ternuras. Em algumas ocasiões, o homem pode ser mais terno e a mulher pode ser mais rígida, mas se esta inversão se tornar uma regra, o lar não terá uma ordenação clara e natural. Ainda que o temperamento do homem seja mais maleável do que o da mulher, é preciso ter em vista que o exercício de formar os filhos é algo que nos transcende. Não fomos os primeiros e nem seremos os últimos a educar crianças. É preciso moldar nossas condutas para que sejam de acordo com as intenções divinas para a humanidade. Agiremos em verdade e, neste exercício livre, teremos feito a nossa parte para o bem estar de todos.

8 comentários:

Mª Teresa Serman disse...

"Em algumas ocasiões, o homem pode ser mais terno e a mulher pode ser mais rígida, mas se esta inversão se tornar uma regra, o lar não terá uma ordenação clara e natural."
Oi, Rafael, gostei do seu texto, mas discordo dessa colocação acima, por achá-la estereotipada. É muito mais comum do que vc pensa que a mulher seja mais rígida, e ainda assim terna. E essa ordenação não fica confusa, pois há distribuição de papéis mesmo assim. Isso vai depender do temperamento de cada pai e mãe, também. E vc se surpreenderia em saber que muitas mulheres exercem mais comando no lar do que os homens, pq podemos ser muito práticas e ativas no ambiente doméstico. Um abraço, MT

Rafael Carneiro disse...

Oi Maria Teresa! Que ótimo o seu comentário! Mas eu gostaria que mais pessoas comentassem, rs. Entendi o que você quis dizer, mas não saberia como discordar, porque estamos diante de conceitos muito maleáveis, como "rigidez" e "ternura". Talvez eu precisasse, no texto, deixar a entender que aspectos logísticos e operacionais do lar se identificam com o senso de praticidade das mulheres... Claro que aí existiria um bom "comando". Mas eu quis falar também sobre a construção espiritual do lar. Há poucos dias assisti a um vídeo excelente do Padre Paulo Ricardo, sobre a crise da paternidade, em que ele comenta sobre a necessidade do homem "legislar" sobre a espiritualidade dos lares. A fortaleza masculina é importante para o "comando" do lar espiritual, que na verdade é um "serviço". Um pai piedoso tende a "arrastar" mais do que um pai que, talvez acomodado pela liderança feminina nas coisas materiais, se esqueça um pouco das coisas inerentes ao espírito masculino. Um abraço!

Patricia Carol disse...

Concordo com o que cada um disse sobre haver coisas mais próprias de um que de outro no casal, mas que tb. deve haver a possibilidade de se compartilhar igualmente esses papéis algumas vezes,ou até de se inverterem de acordo com cada temperamento e cada LAR.

Uma coisa ligada à liderança na espiritualidade dos pais que sempre me impressionou desde muito pequena, era ver o meu "daddy"(americano)convidando o sacerdote que rezava missa uma vez ao mês na vila perto do nosso sítio(nas férias escolares de final de ano, mais prolongadas),para os almoços em família aos domingos após a missa. Essa PRESENÇA AMIGA à mesa, fazia parte das nossas férias, como sendo um momento especial daquela semana.

Minha mãe, por seu lado, ainda convidava as empregadas,visitas e filhos todos presentes no sitio, para rezarmos de joelhos na sala diante de uma imagem do MENINO JESUS DE PRAGA,TODAS AS NOITES antes de irmos dormir...não era o Terço, mas um Pai Nosso e as 3 Ave- Marias nos deixavam bem calmos e felizes ao darmos nossos Boa noite até os passeios do dia seguinte...

Se após 60 anos ainda me lembro destes detalhes de espiritualidade profunda dos meus pais, deve ser pela IMPORTÂNCIA DO EXEMPLO dos DOIS! AMOR COM OBRAS parecia ser seu "lema" durante a vida toda.

Em tempo: essa imagem do Menino Jesus de Praga diante do qual rezávamos no sítio quando eu tinha uns 4 aninhos apenas, até hoje fica num móvel perto do sofá aqui em casa da minha mãe, e cada vez que abro a porta do apartamento pra entrar, é a primeira coisa que vejo, e sinto a mesma proteção e carinho de Jesus que sentia em pequena, especialmente ao lembrar do cuidado que meus pais tiveram em nos manter próximos às coisas de Deus.

Desculpem se falei demais, mas são lembranças tão fortes que ficaram pra minha vida, que em momentos mais difíceis é nelas que me apoio e encontro a Presença de Jesus no coração!

Abração pra vocês dois!

Liana Clara disse...

Os comentários são ótimos eles enriquecem o adi to e deixam p blog mais dinâmico.
Patricia adorei sua história , complementou muito bem o assunto.

Liana Clara disse...

Desculpem o monte de erros, ainda não me acostumei a escrever no iPod . Teclado pequeno e visualização pequena. Alem de um corretor ortográfico de me matar.

Patricia disse...

Ok, Liana! Você está aprendendo a usar o IPOD...depois que dominar, me traduz o que é um IPOD!!!!

Anna Ribeiro disse...

Muito bom e oportuno o texto,porém quero discordar,delicadamente, do princípio de que aos pais cabe ser mais rígido no que concerne à implantação de princípios e educação!
Pela experiência de vida que tenho,sinto que à mãe cabe a difícil tarefa de dizer não!
O homem acomoda-se com a conhecida frase: FALE COM SUA Mãe;note-se que isto ocorre porque o esposo confia nos princípios bem intencionados de sua esposa.
Pergunta às pessoas quem mais dizia NÂO na casa deles:95% responderá, mamãe.Porém, através do instinto materno que lhe foi doado,ela saberá temperar esta difícil resposta com uma dose de carinho!

Maria Teresa Serman disse...

Entendi o que vc quis dizer sobre a liderança espiritual masculina, concordo que é importante, mas, em muitos lares, cabe a só um dos cônjuges essa liderança, qdo o outro não tem fé ou professa uma fé diferente. Com a graça de Deus alicerçando a fortaleza do que crê, tudo dá certo, ainda que este tenha um trabalho dobrado. Cada caso é um caso, não podemos generalizar. Mas a essência do texto é muito boa, parabéns!

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