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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Bondade e orgulho

Por Rafael Carneiro Rocha
A bondade sem alvo, remoída internamente apenas nas boas intenções, é orgulho. Para ser bom, é preciso fazer algo. Não se sentir compelido para fazer o bem não é necessariamente um problema moral, desde que o indivíduo o faça. Uma pessoa de temperamento mesquinho e egoísta pode ser boa, ao passo que uma outra, de “bom coração”, pode ser vil.

Porém, na maioria dos casos, a pessoa que faz o bem tem bons sentimentos. Parece ser um modelo infalível de santidade, mas existe aí um perigo. Se o indivíduo percebe que costuma fazer o bem, e se tiver um temperamento dado aos “bons sentimentos”, a razão lhe dará todos os artifícios para convencê-lo de que está degraus acima dos mortais que o circundam. O indivíduo sentirá isso como um fardo. Eis a tentação das pessoas boas, a altivez. Para evitá-la, é necessário seguir adiante. Fazer do bem oferecido aos outros um caminho contínuo para ser seguido. Caminho, verdade e vida são a unicidade de que precisamos.

Alguns relatos de santos impressionam pelo modo como eles se percebem. Perguntamo-nos como é possível que criaturas tão bondosas se considerem tão miseráveis. Uma resposta possível é que trata-se, justamente, da busca pela verdade. Eles querem Ser, em verdade, como Cristo o foi. Ter tamanha intimidade, em espírito, com Deus demanda o desprendimento cada vez mais radical da caducidade do “eu”.

É preciso crescer como Cristo, em sabedoria, estatura e graça. Que as pessoas de bem cresçam nas suas boas intenções, façam grandezas e purifiquem suas razões.

2 comentários:

Patricia disse...

Rafael, muito obrigada por essa reflexão tão importante. Ajuda a gente a parar e pensar DE VERDADE!

Abraço,
Patricia

Rafael Carneiro disse...

Eu fico contente por ajudar em suas reflexões, Patricia. É um tema fundamental, sim!

Abraço,
Rafael

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