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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O cansaço e a vida cotidiana

Texto de Diego Ibañez Langlois
Chega-se cansado em casa. O cansaço é legítimo. O mau humor, não. Convém lembrar que o homem cansado é propenso ao mau gênio, já que tem as defesas baixas e os nervos destemperados.

O cansado tende ao hermetismo. Não é comunicativo.
É preciso dar ao cansado um tempo para decantar as fadigas e preocupações de um dia de trabalho. Deve-se permitir ao guerreiro deixar suas armas, desmontar e recompor-se.
Procura desfazer-se o quanto antes de sua mercadoria. Interrompe quando não deve, tem mais pressa quanto mais deve esperar. É a hora heróica dos pais.

O carinho dos filhos vale mais que o esgotamento.

Ao chegar em casa, nenhum pai pode abrir a porta e dizer: "Missão cumprida".
Se ele acha que a casa é o lugar das compensações egoístas, um pai de família se perdeu. A recompensa verdadeira é a de ver-se rodeado por afeto.

O carinho dos filhos não é um carinho abstrato, teórico. É tangível. Percebe-se. Toca-se.
Os olhos das crianças estão dizendo: "Seja meu pai. Tu és forte, mais forte que o cansaço".
Isolar-se dos filhos ao chegar em casa é dizer-lhes: "Vocês não me interessam".

Um pai sempre cansado ou que pede que o tratem como um homem cansado, é um pai enfermo. A casa não é uma clínica de repouso, onde se cuida religiosamente do silêncio para não atrapalhar os pacientes.

O lugar onde descansa o papai não é "zona de hospital", como tampouco a sala de estar deve ter o cartaz de "crianças jogando".

Quando os filhos são pequenos são como brinquedos do pai. Quando se está de bom humor, lhes dá corda. Quando o jogo cansa ou aborrece, lhes guarda ou lhes arquiva. Em muitos casos, a televisão serve, lamentavelmente, de arquivo.

Se os filhos são considerados um incômodo porque perturbam o descanso do pai, exige-se à mãe que os faça evaporar para que não criem problemas.

O guerreiro considera que já teve suficientes aborrecimentos em seu trabalho, ofício ou negócio.
Cultivar a vida familiar

A vida familiar deve ser cultivada, sob o risco de que se torne um campo abandonado.
Incrementa-se com a conversação, com as celebrações, com ritos familiares, com tradições, com uma linguagem que tem pontos de referência comuns.

Sem vida de família, passa-se do trabalho ao trabalho como por um túnel. Agradeçamos que a jornada se interrompa para estar com os que se ama.

O cansaço de uma jornada dura se recupera na vida em família. A graça do filho pequeno faz mudar a vista cansada. Em casa não nos aceitam por nossa eficácia nem por nosso rendimento: nos acolhem com carinho. E a vida em família é mais amável quando é enfrentada com amabilidade, quando não impacienta a avidez de um filho por contar suas coisas, a do outro que assalta com pedidos, a de um terceiro... O lar não é um monastério onde se ouve o silêncio. As crianças não são objetos imóveis que fazem parte da decoração. A casa não é casa de repouso para doentes dos nervos. O carinho torna amáveis até as interrupções.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Liana. Muito legal seu blog e um texto muito bem escolhido. Reponho minhas energias gastas num dia de trabalho, quando retorno ao meu Lar. Criei meus filhos dizendo que o bonito e o melhor, são para nossa família. Nada de botar panela na mesa e usar a melhor louça com as visitas. Temos é que usar com a nossa família,com nossos entes queridos. E de preferência deixar as preocupações do lado de fora da casa, a menos que seja para discuti-las com amor.
Parabéns, Liana
E seja bem-vinda à nave.
Bjinhos

Liana Clara disse...

Olá Patrícia, que bom que você consegue fazer de seu lar um lar luminoso e alegre, eu tento o mesmo por aqui.
Seja sempre bem vinda. Beijos

Paula Serman disse...

Parabéns pelo artigo! Graças a Deus, tive e tenho a oportunidade de observar esse heroísmo dentro da minha casa, vivido por meus pais e desejo que todos o busquem ,pois dá muita alegria!

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