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sábado, 4 de julho de 2009

Prematuros – Filhos guerreiros

Quem já teve um bebê prematuro entende o que estou dizendo. A criança aprende a lutar desde o momento em que nasce; luta pela sobrevivência e luta com as armas que tem: a forma como foi gerada. É maravilhoso ver o progresso dia a dia de um bebê prematuro.

Vocês devem se perguntar: “Você também teve um bebê assim?” – pois é, tive uma prematura. Dizem que as meninas prematuras são mais fortes, mais resistentes, se é lenda eu não sei, só sei que a minha era um “saquinho de açúcar, com pouco mais de um quilo e uma guerreira de valor. que em um mês conseguiu ter alta com apenas dois kg.

Depois de ter 8 filhos em tempo, veio esta, com 7 meses e meio e tive que reaprender a cuidar de um. Desde o alimentar, o segurar no colo, o banho... Tudo tinha que ser com muita paciência (virtude constante para uma mãe), muita boa vontade, muito carinho, tudo em quantidade aumentada para suprir o tempo que não podia ficar junto dela. Ela ficou numa UTI neonatal, onde não podíamos passar a noite e eu como mãe sempre ficava até ser expulsa com todo carinho pelas enfermeiras.

Outra pergunta que já ouço é: “E os outros filhos como ficaram sem seus cuidados?” – Ficaram como podiam, é claro que abalou um pouco a todos, mas a situação do momento era recuperar a prematura, o restante depois íamos resolvendo no seu devido tempo. O pai também sempre muito presente, ia fazendo com que os outros não ficassem sem atenção.

Como vivi um mês dentro de uma UTI, presenciei muitas cenas de cortar o coração e passei a conhecer problemas de bebês que nunca tinha imaginado. O sofrimento ali dentro é real, constante e de certa forma propicia as pessoas a se apoiarem uma nas outras. Tinha criança que a 7 meses, ainda estava se recuperando das seqüelas do nascimento prematuro, o que não era nada fácil para a família também. Mas todas tentávamos passar para nossos bebês uma alegria por cada progresso que faziam.

Ao chegar pela manhã íamos logo ver a lista dos pesos e vibrávamos com cada dez gramas que ganhavam ou até por não ter perdido mais nenhuma. Cada resultado de exame feito pela equipe médica que tinha resultado positivo, curtíamos demais. A alegria era geral uma pelas outras.

Eu e as mães de outros prematuros criamos uma boa amizade que permaneceu mesmo depois das altas de cada bebê. Pudemos ver nossos filhos crescerem saudáveis e se desenvolverem como os outros que nasceram com peso normal.

Para ter uma idéia das novidades de um prematuro, Imaginem que o banho era em banheirinha tipo de boneca Barbie. A alimentação inicialmente era por sonda, eu retirando leite com uma maquina elétrica que só chamava de “ordenheira”. E depois, aos dois meses dela tive que contratar uma fonoaudióloga para ensinar a mim e a neném a amamentação direta no seio. Foram meses difíceis que vivemos em casa, mas valeram à pena. Ela aprendeu a mamar no peito e mamou por um ano inteiro.
O que com certeza absoluta ajudou bastante para crescer mais saudável.

Um bebê prematuro, quase sempre precisa de estímulos para desenvolver-se melhor, e a nossa prematura teve um “Staff” de irmãos para deixá-la rapidamente com o mesmo preparo físico de um bebe de tempo normal. Todo este apoio de todos em casa foi fundamental para o crescimento sadio da nossa filha, sem ficar com nenhuma seqüela.
Filhos . . . Filhos? - Vinicius de Moraes
Melhor não tê-los!

Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Porém que coisa

Que coisa louca
Que coisa linda Que os filhos são!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom o texto!

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